[Letra de "Contracapa"]
[Intro: Flagelo Urbano & Ikonoklasta]
Como é que é mô brotha
Vamos preencher o conteúdo científico
Contracapa, na contracapa desta vida
Estão os moribundos, os indigentes
Ninguém lhes liga, ninguém lhes vê
'Tão memo aí ao lado, quando rouba...
-'ta a doer né?
[Verso 1: Ikonoklasta]
Alguém me disse que a miséria terá sempre de existir
Mil têm de chorar para um poder sorrir
A nobreza necessita de vassalos para a servir
E a extorsão é o que sempre nos permitiu evoluir
Na era do corre-corre
Já não há Robins dos Bosques, hoje pobre rouba pobre
Não é a sobrevivência do mais forte
Antes do wí com mеnos escrúpulos
Que pisoteia е não acode o indigente moribundo
É incoerente e absurdo torturar e pedir paz
Estamos no escuro com um fósforo e uma bilha de gás
Como podemos esperar dos putos que não se tornem criminais
Se não são gatunos que lhes roubam
São os polícias e os fiscais ?
E eu com toda esta barriga
Vivo bem ou em agonia ?
Estranhas são as noções de qualidade de vida
Na contracapa da minha está acorrentado um contratado
Sonhando com a carta de alforria
[Refrão: Ikonoklasta & Flagelo Urbano]
Tu tens o Hummer, as gajas, a massa, as casas
Ele nada, nem pão, nem luz, nem água
Tens tudo o que queres e ainda reclamas
E desdenhas todo aquele que nasceu sob a estrela errada
Mas um dia o vento muda e te sopra areia na cara
E do teu estilo lustroso não sobra nada:
As mawás, as manhas
As banhas, reparas
Que a vida é sempre ingrata
P'ra quem vive na contracapa
[Verso 2: Flagelo Urbano]
Podemos ser flor e ainda assim ter espinhos
Ter milhões e morrer-mos sozinhos
É muito mais fácil roubar dos pobres p'ra viver como um rei
Ser juiz dos outros porque não és tu o fora da lei
Podes ser a verdade na falta de justiça
A presunção de igualdade da lei omissa
Falar em democracia porque não és tu o perseguido
Por ter opinião contrária a do sistema instituído
A descriminação só existe p'ra quem é descriminado
Assim como a paz p'ra quem vive com ela
A liberdade só faz sentido a quem pode ir a qualquer lado
E não para um pobrecidadão que defeca numa cela
Sem a voz do povo não há democracia
A liberdade de opinião se vai libertar da tirania
Onde a midia se torna parte, juristas de ocasião
A ausência de imparcialidade devora a liberdade de opinião
De quem se vê na contracapa
Na mão mais esqueda da cidade
No lado mais fraco do progresso
Na mendicidade, e procurar e deixar de ser eco
E passar a ser voz, dar um salto na vida
Já não depende de nós
[Refrão: Ikonoklasta & Flagelo Urbano]
Tu tens o Hummer, as gajas, a massa, as casas
Ele nada, nem pão, nem luz, nem água
Tens tudo o que queres e ainda reclamas
E desdenhas todo aquele que nasceu sob a estrela errada
Mas um dia o vento muda e te sopra areia na cara
E do teu estilo lustroso não sobra nada:
As mawás, as manhas
As banhas, reparas
Que a vida é sempre ingrata
P'ra quem vive na contracapa
[Verso 3: Flagelo Urbano]
Amontoado de pobres, dependentes de gorjetas
Da caridade fingida, do pretenso humanismo
Que dilacera a camada menos esclarecida
Que vê na esmola doação
Sem saber que é apenas obrigação
De quem conduz o destino da pretença nação
E de um povo que há muito é paradoxo
Que pode ser conhecido e ao mesmo tempo estranho
Depende da ocasião, próximo ou distante
Transparente e opaco pode ser homem
E num intante ser cão
Canta e protesta em silêncio
É muito mais simple ouvir, do que ver a realidade a tua volta
Ouvir é realmente mais fácil do que ver
Cada criança morta por causa de pão
Quando tu deitas pão ser ter consciência
De que alguém, alguém, alguém
Esse alguém, esse alguém
Que é alguém, precisa da tua mão
Pode ser , estende a mão
Pode ser, estende a mão
Pode ser
[Refrão: Ikonoklasta & Flagelo Urbano]
Tu tens o Hummer, as gajas, a massa, as casas
Ele nada, nem pão, nem luz, nem água
Tens tudo o que queres e ainda reclamas
E desdenhas todo aquele que nasceu sob a estrela errada
Mas um dia o vento muda e te sopra areia na cara
E do teu estilo lustroso não sobra nada:
As mawás, as manhas
As banhas, reparas
Que a vida é sempre ingrata
P'ra quem vive na contracapa
Tu tens o Hummer, as gajas, a massa, as casas
Ele nada, nem pão, nem luz, nem água
Tens tudo o que queres e ainda reclamas
E desdenhas todo aquele que nasceu sob a estrela errada
Mas um dia o vento muda e te sopra areia na cara
E do teu estilo lustroso não sobra nada:
As mawás, as manhas
As banhas, reparas
Que a vida é sempre ingrata
P'ra quem vive na contracapa
Contracapa was written by Ikonoklasta & Flagelo Urbano.
Contracapa was produced by Flagelo Urbano.