Sou bem mulher
De pegar macho pelo pé
Reencarnação da Princesa do Daomé
Eu sou marfim
Lá das Minas do Salomão
Me esparramo em mim
Lua cheia sobre o carvão
Um mulherão
Balangandãs, cerâmica e sisal
Língua assim
A conta certa entre a baunilha
E o sal
Fogão de lenha
Garrafa de areia colorida
Pedra-sabão
Peneira e água boa de moringa
Sou de arrancar couro
De farejar ouro
Princesa do Daomé
Sou coisa feita
Se o malandro se aconchegar
Vai morrer na esteira
Maré sonsa de Paquetá
Sou coisa benta
Se provar do meu aluá
Bebe o Pólo Norte
Bem tirado do samovar
Neguinho assim, ó
Já escreveu atrás do caminhão
"A mulher que não se esquece
É lá do Daomé"
Faço mandinga
Fecho os caminhos com as cinzas
Deixo biruta
Lelé da cuca, zuretão, ranzinza
Pra não ficar bobo
Melhor fugir logo
Sou de pegar pelo pé
Sou avatar vudú
Sou de botar fogo
Princesa do Daomé