Cordão de ouro branco, vale quanto pesa né?
Praça da Sé, na loucura da miséria
Maluco vai, quer tipo, é pra se manter de pé
Sua coroa tá ali, sabe qual que é
Jogada na calçada, calça rasgada
Muito louca de cachaça, chamam de vaca
Está sem chance, está sem nada
Vadia velha com um filho jogado as traças
Mas que nada, a rua abraça
Tá crescendo Cisco, menino desafortunado do gueto, vai vendo
Ele quis ir pra escola, mas a sua história...
Vai, já era
E soube que criança de pé no chão, realidade do mundão
É uma lição ainda a ser estudada, é uma missão que já foi abortada
Cada vitrine inventa moda. TV ligada, Cisco só vê bosta
Meio-dia, óia. Hora da boia. McDonald's na tela, saco de cola
Corre sempre, mas vai o Super Sonic
A polícia traz para o game over
Moleque de atitude, liga a poli
Ás vezes perde a cabeça, vida do crime
Tá no jogo é pra jogar, tudo aqui é embaçado
Sobreviver na selva tem que ser, é de aço
Ele tem jogo de cintura
Bola, só na maconha perto da rua
Ás vezes dá rolê na quadra do cemitério
Chora a morte do seu mano, muito desgosto
Covardia do caralho, tiro no côco
Cor de olho diferente, bagulho roxo
Muita gente vai dizer que eu tô ficando louco
157 no farol é só o troco
É só o troco
Cisco! Cisco!
Cisco! Cisco!
Cisco! Cisco!
Cisco! Cisco!
Olho na pista, cabeça no céu
Ele limpa o para-brisa e sonha com o Papai Noel
Farol amarela, viaja na ideia
Da meia pendurada na janela
1 real, 2 real, 1 Apê na Cohab
A Missa do Galo, a bença do padre
Realidade, na verdade, bem diferente
Pagão do nariz de ranho verde
15 anos de idade, lembrou da Tetéia
Vendedora de prazeres, menina mais velha
Que com ela teve o seu primeiro atrito
Umbigo com umbigo, sussurros e gemidos
Menino quase homen, overdose de pobreza
Quadrilátero na mira de polícia besta
Várias estrelas, um brilho a mais no céu
Sobreviver, vender mais um papel
Admirar o sol, viver mais um dia
Primeiro mandamento, se liga Cisco
Sonhar com um futuro aqui é isso
Um prato de comida, um cachimbo
Meninos e meninas, tipo objeto
Maníaco do centro, sexo
Mão naquilo, aquilo dentro
HIV na veia escorrendo
O tempo passa, a vida continua
Cisco tá na rua cavando a sepultura
Na busca louca de um trocado
Praça da República. Michê, foder viado
Fico pensando no valor do aborto
Viver assim, pra mim, é já tá morto
O desespero, agora, vai além
Rejeitado e na cadeia aos 16
Diferente do cu que tem dinheiro
Queima índio, tira onda e fode o Brasil inteiro
Depois do enquadro, pense bem, seu moço
157 no farol é só o troco
Cisco! Cisco!
Cisco! Cisco!
De um espectro diferente, o avesso do contrário
Universo paralelo, um presente inusitado, raro
Meu nome é Diogo. Agradeço, de fato, o direito, a palavra, poder musicado, então... (DMN!)
Pra começar, obrigado
É tipo o Cisco, ele não tá sozinho
Tem um monte na rua entre a cruz e a espada, a rosa e o espinho
Então me cale e ouça...
1 minuto, 1 segundo e mais um pouco
É só o troco
Cisco! Cisco!
Cisco! Cisco!
Não quer mais ser, assim viver, é só querer
Cisco não quer mais saber, só esquecer
Não quer mais ser, assim viver, é só querer
Cisco não quer mais saber, só esquecer
Não quer mais ser, assim viver, é só querer
Cisco não quer mais saber, só esquecer
Não quer mais ser, assim viver, é só querer
Cisco não quer mais saber...