Então
Sempre ouvi dizer a vida a dois é um osso duro de roer
E de enterrar e esgravatar para cheirar e confirmar o lugar
O asilo, o lar doce lar
O lar doce lar
Excepção feita aos onanistas
Só ligam às fotos das revistas
Tu lavas eu limpo
Tu sonhas eu durmo
Tu branco e eu tinto
Tu sabes, eu invento
Tu calas, eu minto
Arrumas e eu rego
Retocas, eu pinto
Cozinhamos p'ra três
Tu mordes, eu trinco
Detestas, eu gosto
Magoas, eu brinco
Criamos sob um tecto um monstro de mutismo
E o tédio escorre das paredes como num túmulo p’ra alugar
P'ra habitar, p'ra alugar
Inventamos maldades por puro exibicionismo
Suportamo-nos apenas por diletantismo
Discussões de mercearia
Só apagamos a luz ao nascer dum novo dia
Tu lavas eu limpo
Tu mordes, eu trinco
Tu detestas, eu gosto
Tu branco e eu tinto
Tu sabes, eu invento
Quando te calas, eu minto
Arrumas e eu rego
Retocas, eu pinto
Cozinhamos p’ra três
Tu mordes, eu trinco
Detestas, eu gosto
Magoas, eu brinco
Tu lavas eu limpo
Tu sonhas eu durmo
Tu branco e eu tinto
Tu sabes, eu invento
Tu calas, eu minto
Se me morres eu sinto
Se me morres eu sinto
Se me morres eu sinto
Se me morres eu sinto