Cerejas, Só Isso

[Verso 1: Carlão]
O metro vai cheio sem alma que seja
Deixámos em casa ao pé da cerveja
O povo não gosta não dá de bandeja
O povo não gosta a não ser na igreja
A miúda do lado sorri e boceja
(A miúda do lado sorri e boceja)
Será que graceja, será que corteja
(Será que graceja, será que corteja)
Sem dar por isso como que beija
(Sem dar por isso como que beija)
Perdi o meu bolo ganhei a cereja
(Perdi o meu bolo ganhei a cereja)
Isto pode ser fácil se não for duro
Ninguém arrisca um porto seguro
Se esse porto for um lugar escuro
P'ra quê o esforço sem ver o futuro
Na casa dos pais os talheres não mudam
Comida é a mais e os santos ajudam
Saudade do tempo em que era criança
Ontem à noite a meio da dança
Haja esperança nessa raspadinha
Mais uma farmácia à minha beirinha
Se a vida é isto sou uma galinha
Fazer o possível para sair da linha
Atrás de cerejas para o almoço
Como a fruta cuspo o caroço

[Refrão: Manel Cruz]
Eu quero que os meus dias não tenham veneno
Quero que os teus olhos riam sempre comigo
Eu não quero ter coisas que eu não viva
Vou ganhar coragem para aceitar a mudança
Eu quero que os meus dias não tenham veneno
Quero que os teus olhos riam sempre comigo
Eu não quero ter coisas que eu não viva
Vou ganhar coragem para aceitar a mudança

[Verso 2: Carlão]
A seguir o dinheiro ficámos para trás
Decorar o pinheiro, compor o cabaz
P'ró ano é que é campeonato e taça
Limpar o armário dar cabo da traça
O que é que se passa, não quebres agora
(O que é que se passa, não quebres agora)
Homem que é homem aguenta e não chora
(Homem que é homem aguenta e não chora)
Barriga p'ra dentro e peito p'ra fora
(Barriga p'ra dentro e peito p'ra fora)
O menino respeita, a menina adora
(O menino respeita, a menina adora)
Um dia eu pego, fujo e não volto
Um dia eu levanto grito e revolto
Um dia acabo a temporada
Logo vem outra em menos de nada
Hoje a rua vai ser o cinema
Hoje a lua é a minha vita suprema
Vou beber uma e escrever um poema
Vou beber uma vai ser o meu lema
À procura de Deus nos sítios errados
Queremos ETs como antepassados
Esqueçam o destino liga à viagem
Pare um pouco e sinta a aragem
Atrás de cerejas para o almoço
Como a fruta cuspo o caroço

[Refrão: Manel Cruz]
Eu quero que os meus dias não tenham veneno
Quero que os teus olhos riam sempre comigo
Eu não quero ter coisas que eu não viva
Vou ganhar coragem para aceitar a mudança
Eu quero que os meus dias não tenham veneno
Quero que os teus olhos riam sempre comigo
Eu não quero ter coisas que eu não viva
Vou ganhar coragem para aceitar a mudança