Cavalgadura

[Verso]
Valas vais cavá-las vaias a carnificina
Mas nunca o meu veneno chega a ter tanta maldade
Por isso aguentem os cavalos vem aí a heroína
E nunca se olha o dente depois do cavalo dado
A passo acelerado eu chamo-lhe andar a trote
Como um cavaleiro andante em busca de um cavalo rico
Percorrendo de lés a lés como um torpedo torpe
E o tremor é uma constante em rés-vés Campo de Ourique
O problema do corcel é levar-te até à morte
Pois nem quatro ferraduras afastam todo o azar
E o cavaleiro fiel não o deixa à sua sorte
Sonha ter a sua égua ou é o ego a dominar?
Ele sobe a ladeira sentindo no ar o travo
No final esperneia sempre que o cavalo é bravo
Ele avança sem rodeios e acaba a olhar pró céu
Nunca te rodeies desse rodeo
O seu veneno passa até pelo buraco da agulha
E no fim até te picas como uma agulha no palheiro
Já não sentes nada e não há quem te acuda
Mais pequeno que a formiga pede ajuda ao formigueiro
Chama a cavalaria ergue o braço e solta o urro
Quando sentes no teu peito aquela negra sombra
Ignora a dona morte e anda de cavalo para burro
Isso mete mais respeito do que mete a dona
E ninguém topa mas é óbvia a pica dela
Agarra o braço e injecta a confiança que tanto gostas
Pois ela goza com quem o seu destino sela
Podes fugir duma cela mas tens uma sela às costas
Agora és só mais um membro fantasma
Morres no sufoco ela foi sempre fã de asma
E agora a dose no teu braço até parece ir ao osso
E o garrote tá no braço mas aperta é o pescoço

[Pré-refrão]
Não te queiras tornar o alvo
Não queiram entornar o caldo
Mais um caso sem contornos subtis
Mais um caso com contornos... a giz

[Refrão]
A dose no teu braço até parece ir ao osso
E o garrote tá no braço mas aperta é o pescoço
Mais um caso sem contornos subtis
Mais um caso com contornos... a giz