O comboio malandro passa
Passa sempre com a força dele
U-u hi-hi te-que-tem te-que-tem
O comboio malandro passa
Nas janelas muita gente
Ah boa viagée adeus homée
N'ganas bonitas
Quintandeiras de lenço encarnado
Levam cana no Luanda p'ra vender
U-u hi-hi
Aquele vagon de grades tem bois
Mu mu mu
Tem outro igual
Como este dos bois
Leva gente muita gente como eu
Cheio de poeira
Gente triste
Gente triste como os bois
Gente que vai no contrato
Tem bois que morre no viagée
Mas o preto não morre
Canta como é criança
Mulondé iakessoa
Uadibalée uadibalée uadibalée
Esse comboio malandro
Sozinho na estrada de ferro passa
Passa sem respeito
U-u hi-hi
Com muito fumo no trás
Tem-que-tem tem-que-tem
Comboio malandro
O fogo que sai no corpo dele
Vai no capim e queima
Vai nas casas
Vai nas casas dos preto e queima
Esse comboio
Esse comboio malandro
Já queimou o meu milho
Se na lavra do milho
Tem pacaças
Eu faço armadilhas no chão
Se na lavra tem Kiombos
Eu tiro espingarda de Kimbundo
E mato neles
Mas se vai lá fogo
De comboio malandro deixa
Ué ué ué te-que-tem te-que-tem
Só fica fumo
Muito fumo mesmo
Ué ué ué ué ué ué
Mas espera só
Quando esse comboio malandro descarrilar
E os branco chamar os preto p'ra empurrar
Eu vou... mas não empurro
Nem com o chicote
Finjo só que faço força
Comboio malandro
Você vai ver só o castigo
Vai dormir mesmo no meio do caminho
Você vai ver só o castigo
Vai dormir mesmo no meio do caminho
Ué ué ué ué ué ué