Casa do Escritor

O templo mais sujo
O tempo aqui dentro não passa
Desvende o mundo
Escreva no papel que se amassa

Se amassem coisas
Certas, certo eu não existiria
Não escrevo linhas longas
Temas de danceterias

A casa do escritor, um
Laboratório pra disenteria
Dizem ter coragem pra fazer
Nenhum deles teria

Minhas paredes gritam
Lesmas deixam rastros
Colchão no chão
Televisão, dinheiro gasto

Beats do Devasto, trilha
Sonora no casulo
Onde crio tudo, logo
Deixo parte de mim no túmulo

Estão me procurando
Diariamente por coisas que fiz
Na minha cidade jovens
Destroem paredes com giz

Jesus é comunista punks
Sustentados por vó, infeliz
Com certeza
Essa vida eu nunca quis

O que você me diz
Esse mundo é magnífico
Me tranco faço rituais
Inferno astral eu fico

Vendo nudes escrevendo
Algo rude
Ouvindo Tchaikovsky
Dose de mango absolut

Quadros geométricos
Esculturas quebradas
Exposições de ilusões
Situações inusitadas

Eles rimam muito
E na verdade dizem nada
Todos são do crime
Mas no crime não são nada

Dentro da casa de um
Escritor, pequeno fica o mundo
Coisas limpas cheiram mal
O tema deseja o imundo

Foda-se a lírica
Posso rimar em mímica
Guardar as libras na conta da
Minha mãe, me diz

As Linhas são as melhores
Merdas que já fiz
As piores aconteceram
Quando fiz o que ela diz

Mas o escritor resiste
Seu apetite é matriz
Minha angústia na busca
Do que eu sempre quis