Carta de Amor ao Rap

[Verso 1]
Os professores me taxavam de louco
A sociedade ainda pensa assim
Mas se eu amo o que faço, memo que não tenha um troco
Porque que a escolha pra minha vida é ruim? (diz)
Felicidade tem nada a ver com dinheiro (nada a vê, irmão)
Nem com mansões ou com carros do ano
Meu bem estar entrou em casa primeiro
E se eu deixasse ele pra fora eu não taria me escutando, aí
Ontem um camarada ligou
Se preocupou e perguntou como é que eu tô
Onde é que eu tô
Quantas saudades já viraram letra?
Quanto sentimento acumulado tem numa caneta?
Qual o sacrifício? Porque que o rap é teu ofício?
Falei: "Meu truta, eu te respondo essas pergunta difícil
Mas antes de tudo isso você vai ter que entender
Que essa conversa começa com arruda e dendê"
Século XVI, início da escravatura
Em alta a dor e tortura, ferida que o tempo não cura
Enquanto o jovem de hoje procura vários problemas
Eu mesmo fui assim, eu mesmo me pus algemas
A vida é dura, vai testar, fazendo querer desistir
Se não sonhar vai ser difícil de tu conseguir
O rap foi a consciência que me libertou
Ele é a caneta de Izabel pra quem se escravizou
É o espaço que o diploma não daria
Até porque eu só penso nisso
E a média eu não atingia
É um misto de tristeza e alegria
É história que vira estrofe pra depois ser poesia
É o sorriso, é a liberdade espontânea
A salvação do rolê terça-feira
É abrir mão da euforia momentânea
Pra depois se encontrar e ser feliz a vida inteira

[Refrão]
Isso é o rap, me escuta, me salva
Me inclui e me chama pra ser porta voz dos seus planos
É o rap, me tira da lama
Fiel quando mais precisamos
Isso aqui é o rap, me escuta, me salva
Me inclui e me chama pra ser porta voz dos seus planos
É o rap, me tira da lama
Fiel, é certo: eu te amo, porra

[Verso 2]
Quando Deus me colocou na Terra
Foi com o propósito de eu enxergar que o ritmo é maior que uma guerra
Que a poesia exorciza a dor acumulada
E que o sofrimento não precisa fazer parte da estrada
O rap me salvou da cocaína
Porque eu sei que se eu seguisse esse caminho, do rap eu não viveria
Ganhei amigos e aplausos
No meio de um mundo onde há perigos e sorrisos falsos
No erro sofri ao te sentir distante
Mas saiba que mesmo de longe eu não esqueci nem um instante
Peço perdão se vacilei contigo
Sei que cê espera muito de mim, mas também sei que eu consigo
Chorei com as explosões no peito
Com os clássicos lançados e Sabota falando sobre respeito
Entendi que meu lugar é aqui
E que nenhum obstáculo é capaz de me fazer desistir
É, que vale a pena cada noite sem dormir
Se depois dessa noite mais uma letra existir
Na cabeça vem os papo de virar, mas já virou
Desde o momento que eu notei o quanto cê me transformou
Obrigado por ouvir meus desabafo de amor
Minhas frustrações quando eu falei de um mundo sem cor
Ei, eu te amo e não é pouco
Se você for hospício, então eu faço questão de ser louco

[Refrão]
Isso é o rap, me escuta, me salva
Me inclui e me chama pra ser porta voz dos seus planos
É o rap, me tira da lama
Fiel quando mais precisamos
Isso aqui é o rap, me escuta, me salva
Me inclui e me chama pra ser porta voz dos seus planos
É o rap, me tira da lama
Fiel, é certo: eu te amo, porra