[Verso]
A porta abre e é a ultima refeição do dia
Feição de agonia - alegoria a uma alegria
Ilegítima
De estarmos cativos da nossa índole
Sem logística possível que nos salve deste síndrome
A porta da solitária nem é desconfortável
Não há nada mais intimo do que este cubículo mínimo
A mente é cicatrizável até ao ponto mais intimo
Mas o preço a pagar é certamente indagável
A porta encerra e eu engoli o ultimo grito preso na traqueia
Queimada pelo Nеro da verborreia alheia
Quе sai da minha boca aberta
Enquanto espero que o dia seguinte deste inferno venha
Se estou cego que esteja
Se sou enfermo que seja
A liberdade de não a ter é libertária na mesma
E se o meu amo sou eu próprio
E o propósito vem do ódio
Não me importo com as algemas
Agarradas a canetas
Escrevo nas paredes os dias que me faltam
Infinitos, que me matam e me fazem sentir vivo
As cordas que me atam são como massagens no ego
Debilitado, não o nego, enquanto preocupações saltam
Dançam, estragam-me, enquanto ofego de dor
E tento imaginar como seria estar solto
Eu não me apego a sonhos mas estou sempre com sono
E estou sempre confuso e sou sempre contido
Contigo, e comigo próprio
Com tudo e todos no que digo
Sou pródigo a ser vulgar
Talvez um dia me apeteça voar
Mas por agora quero aviar uma dose de xanax
Um dia cheiro Antrax e sou livre de vez
E tens uma desculpa para nunca mais me veres
Por enquanto estou num cárcere e mereço estar
Porque tenho a chave e mesmo assim não quero escapar
É fácil viver numa prisão quando já se nasce nela!
(E a liberdade pode ser a pior cela)
Num campo de tiro, Deus e o Diabo gozam o fim-de-semana
Alternando entre si o alvo da matança
Cárcere was written by PhantomEDB.
PhantomEDB released Cárcere on Wed Jan 10 2018.