Caixinha

[Verso]
Minha radiografia mental, semente no quintal
Revolta dos excluídos, é os roverall canibal
Olha lá seu filho brincando no campinho
Retiro, pensei ter ouvido uma par de tiro
Mas piro, o quê que eles é, o quê que eles quer
Lá perto do território os olhos seguem seu pé
Seu João recuperou, agradeceu por ter salvo
Quem viu a gente crescer se sente privilegiado
Depois da várias, a rua não foi mais a mesma
Favela chora, é cruel, sabe que o crime é muita treta
Vida sobe igual bexiga nas chuva de alfinete
Vários não representou no gabinete
Muitos por etiqueta, virou pano de chão
Limpando o próprio sangue, liso igual sabão
Sabor de mel encontrado na rua de fel
Ídolo do oprimido, morto só no papel
Muitos mancou na aliança e tomaram no anel
Respeito não existiu, download de Papai Noel
Esses dias vi o Fabrício, e o Renato mudou
Imagens boas na minha mente, daqueles que se afundou
Ah, se eu pudesse nem pensava nessa fita
Não dá pra controlar, minha vida necessita
Vários viraram múmia enrolado no plástico
Aparência de múmia, mas coração intacto
Tem fraqueza em família, logico, é notório
Família reunida só no dia do velório
Oro pra que Deus proteja meu irmão
Vejo o clima neurótico nas ruas do União
Vitoria é conseguir brindar na taça quebrada
A mente valoriza o que o paladar não repara
Vários talarico a procura de sexo
Dizem que foi morto por menores complexo
Sem nexo quem não ponha no lugar
Que é cada um no seu lugar é necessário respeitar
Tá bom, mas é cada um com sua vida
Se a sua tá morrendo, logo a alma vai flutuar
Fruta de parafina pra finado gente fina
Despediram com café, pão com atum, e vitamina
Pra muita mina palavra de mãe nunca foi bom
Você só fala que ama ela na segunda intenção
Minha vó morreu dentro de um busão
Sem aposentadoria só com um terso na mão
Boca de vários espuma por Adidas e Puma
Com automóvel, então, aí, não se apruma
Ontem saindo da U.D.V curtindo um som do RG
Polícia enquadra, não acha o beck e pede meu RG
É do segundo andar antecipado no térreo
Pra dirigir, não beba, vários não levou a sério
Homicido doloso, corpo no maçarico
Manos, esse sentimento pobre já foi rico
Neve no interior pro boteco de neve
Vários que tombou se sentindo leve
Pega duas, leva uma, pague depois das seis
Depois de sete dias a chama apaga vocês
Rente à escada ao fim, é o fim na escada
Quero ver polícia morrer pela pátria amada
Nem que caia as armas do céu
Palmas na cerca elétrica, moleque foi réu
Digam: blew
Ri com as mágoas, no futuro o povo vai se matar por água
Na balística aumenta estatística
Corpo estica, possibilidades são místicas
Ligue pra ambulância, médico com ânsia
Salvando aqueles que foi afetado na infância

[Refrão]
Quando escuto essa canção lembro de você
Ela sai de uma caixinha que você me deu
Muito precisava dizer, é que ninguém sabe o que aconteceu
Eu lembro de você
Ela sai de uma caixinha que você me deu
Muito precisava dizer, é que ninguém sabe o que aconteceu
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