Cabreiro Até Umas Hora

[Verso 1]
Cabreiro até umas hora nuns carreiro de quebrada
Na noite nóis se isola e fica na mocada
Passo o pano e passa a bola pra rapazeada
Gastando sola a gente desenrola nas boiada
Cinturas com pistolas, carteiras recheadas
Vários mocós de droga, milhões de fitas dadas
Manos que são foda, muleques que são nada
Muitos seguem a moda e morrem pelas calçadas
Mortos muitas vezes por porcos que usam fardas
Corpos mais de trezes, cabeças exterminadas
E tu vê que muitas metas não são alcançadas
Não existe linha reta e infinita na estrada
E nem ninguém pra distinguir a certa da errada
Poucos querem se instruir, muitos querem luta armada
Outros querem construir, mas a vida só tá parada
Não há como competir se as duas perna tão quebrada

[Verso 2]
Bebe-se, fuma-se, mata-se, fode-se
Prende-se, solta-se, rouba-se, queima-se
E eu sou só um MC, nunca ninguém eleva-se
Nego pensa só em si, tento, porém é só por mim
Me forcei a ser assim, gelo de tupiniquim
Surdo aos apelos e sensível só pelo din-din
Cidade bem grande e fria, Curitiba é sempre assim
Muitos são família, mas tem nego que é ruim
Crack, cachimbeiro, correria aqui é sem fim
Rato de bueiro, [? - 1:18], aviãozin'
Melhor rasgar a pista pela ponte do riozin'
Se não é bala a vista, bomba sem estopim
Seja na Vila Conquista ou na ordem do Jardim
E as macaquinha tão guardada lá na casa dos neguin'
Fora as muca de pedruca, as escama e os verdin'