[Intro]
Querem me ver no chão
Mas não sem dor
[Verso 1]
Querem me ver no chão
Mas não sem dor
Com a manta ensanguentada do perdão
Entre a passividade escoltada e a sagrada delação
Ela acende a ponta e traga no rojão
[Verso 2]
Não tenho medo do que possa vir do fim do fundo
E todo dia recuso trair, meu plano é outro
Me preparo pro pior terror
Eu vou tirar a sua paz
[Refrão]
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais!
[Verso 3]
Meus amigos secretos são curiosamente competentes
Sobretudo, no não ser
São tantas as palavras que eles inventaram pra classificar a temperatura agradável num dia ameno de verão
Os fluídos, a renda, nosso útero
A necessidade de abortar
Meus lábios, a saudade, o mar
Quanto a mim, quero mais é apanhar
Porque todo resto foi pouco
E o que quero não é desculpa, nem retratação
Quero toda vingança que nos cabe:
A vitória dos feridos, a orgia da semântica, o desacato à semiótica
A juventude insubmissa no cataclismo último do capital
Sou a garganta vermelha que abre e fecha caminhos
E são tantos os assédios que o primeiro ato não é poder falar
Porque não se pode, ainda que se diga
O primeiro é carregar o que, como o rio, doce
Estão todos afundados na lama da vida normal
Matheusa
Marielle
Vivemos
A violência é cerne-signo
[Refrão]
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais!
[Verso 4]
A baca, cheia de dentes, morde a calçada, no vão das pernas
E a cinza, suja na cara, vem do cigarro preso entre os dedos
Que saem assaltando bancos, virando carros, tirando a limpo
O peso, o preço da culpa, o corpo marcado que ainda carrego
Aperto com as mãos em garra e afasto do escuro o rosto das teias
A carne em febre na pista, suor engasgado foge das veias
Rasgando a nuca molhada, os olhos fechados de pulso lento
Respiro o pó descascado da poeira seca que cai do teto (teto)
[Refrão]
Bate mais!
Bate mais!
[Verso 5]
A tinta escorrendo amarga arde na empena dos olhos pretos, vivos, impressos
Arruda fresca no peito contra os canalhas de cano quente que não dão trégua
E encontro na madrugada amparo no esgoto que abastece a fábrica velha
[Refrão]
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais!
Bate mais...
Bate mais...
Bate mais!
BATE MAIS was written by Savio de Queiroz & Zopelar & William Tocalino & CARNEOSSO.
BATE MAIS was produced by Savio de Queiroz & Zopelar & CARNEOSSO.
TETO PRETO released BATE MAIS on Fri Aug 17 2018.