[Verso]
Sou a semente que foi nutrida pela dores deste Mundo
Nunca quis ser o primeiro, ele nem existe sem segundo
Talvez seja poeta por tentar ir tão profundo
Na folha escolhe o sangue das palavras que eu difundo
Não confundas sentimentos com sintomas ou sinais
Tive hematomas por os ignorar demais
Eu fui ao fundo mas vi a cor em corais
Falei com plantas e cristais, elos sobrenaturais
Vários estados emocionais mas agora é tão claro
Na lama pairo mas Deus é Arte e eu sou barro
Histórias dе um bairro onde sou parado e onde paro
Humanidadе confundiu-se entre o raro e o caro
Mais do que música, é o Universo acontecer aqui
De criatura a criador, nunca mandei em mim
Teorias do que eu li, aprendi mais com o que eu vi
Fecham-se portas mas há janelas abrir para mim
Porque eu podei as folhas mortas, venha outra Primavera
É dúbio ser adulto numa vida que adúltera
Sociedade só aponta sobre pontos que não pondera
E tu sê mais humilde és convidado da biosfera
Mais que mudar o Mundo, eu juro, eu salvo vidas
Habituei-me às feridas sem chorar atrás de figas
Não é com quem lidas mas ao que é que tu te ligas
Quero pessoas felizes mais que vê-las divertidas
Aproveitá-las enquanto o sangue corre quente
Nem eu nem elas nem nada dura pra sempre
Se eu peço desculpas? É só por estar ausente
Mas ando a mudar o Mundo sem uma capa ou concorrente
Não é convencido, é convicto e algum brio
Diferenças são correntes, subimos todos o mesmo rio
T-shirt no Inverno, eu já nem sinto o frio
Luto pela liberdade que Luther sonhou mas não viu