“Aviões de Papel” retrata a história de violência doméstica de um homem que violenta a sua mulher e os efeitos que isso provoca nela e nos filhos.
No inicio do vídeo postado no youtube do áudio desta música está o logo da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), organização que “tem como mi...
[Refrão 1: Alana & Player daKing]
Eu sei que sofres em silencio e que cobras a ti mesmo
Esse sigilo cinzento que cresce em ti
Sentes que morres por dentro e esqueces cada momento
Nesse sigilo cinzento que cresce em ti
Infância vai embora memoria vã e inglória
Criança adulta que hoje em dia ainda tem memorias
Isto não é um som de amor mas isto tem historia
Eu 'tou a tentar perceber por que é que a minha mãe chora
Infância vai embora memoria vã
Criança que ainda chora pela mamã
[Verso 1: PlayerDaking]
Quatro crianças numa casa sem posses
Vêem a mae ser violentada sem hipoteses
E ela não tem mais forças cada vez faz mais esforços
O pai traz terror a casa e nem tem remorsos
Ele foi nascido e criado no porto
Minha avó dizia que desde miúdo ele tinha o diabo no corpo
Um dia ainda aparecia morto esfaqueado ou afogado num poço
Que trazia maldade no rosto e com a idade revelou-se
Porque nos odeias tanto, não temos culpa de ter nascido
Sóbrio das uma de santo com a desculpa de teres bebido
Porque descarregas em nós os erros por ti cometidos
Porque renegas a familia que devias ter protegido?
Era suposto passarmos fome e tu vires com casacos novos
E essa puta que nem tem nome, tu da-lhes uns sapatos novos
Nos sermos pobres p'ra ti é uma brincadeira
Não vês que ela só ama a tua carteira
Mas é com ela que gastas, é ela que tanto adoras
O sexo dela vicia e merece ir jantar fora
Só te explora não vivem amor nem historias
Só tem o corpo p'ra te dar e em troca dás-lhe ouro e joias
A nós mandas a cara que mais valia ir pedir esmola
Bastava que te importasses perguntasses como vai a escola
Queres jogar a bola? Mas nem vontade mostras
Custava demonstrares que tinhas saudades nossas
Nunca te esforças só queres é noites loucas
Olha para a minha mãe não vês o quanto a magoas
Quando a atraiçoas só nos amaldiçoas
Percebe que somos nós que sofremos com as tuas escolhas
Não respeitas a mulher que depositaste confiança
À que juraste amor eterno quando trocaste alianças
Alimentaste esperanças nessa juventude intensa
Tu prometeste amá-la na saude e na doença
Cada atitude uma sentença, causaste tanto sofrimento
Ela morre por dentro, sentada a um canto inerte
Enquanto berras ameaças e dizes que um dia a matas
A sufocas com o cinto e a deixas no chão de gatas
E ela grita "Não me batas, os miúdos estão a ver"
Mas ele não quer saber, porque ele só quer bater
E se nos portarmos mal, ela encobre e assume a culpa
Para nos livrar da raiva desse pai filha da puta
Ela só dorme, não come está na cama todo o dia
Memórias são tão más que não ha fotografias
Já nem da atençao às filhas não dá colo, não dá mimos
Só chora e afoga a dor em alcool e comprimidos
Sai à rua com vergonha a enxaguar as lágrimas
Óculos de sol e um cachecol para disfarçar as marcas
E está tão farta do martirio a que se expõe
Que só pensa em suicidio cada vez que vê um comboio
Ela sente-se depressiva, e a vizinha que espreita
Diz não te rendas a essa sina, não vês como te desleixaste
Tens que pensar nos teus filhos e em ti, porque nao o deixas?
Mas ela ainda o ama e não quer apresentar queixa
Ainda tem esperança que ele volte para seu lado
Diz que as putas com que ele anda o devem ter embruxado
O amor é cego, o amor é pecado
Enquanto houver amor ele será perdoado
A familia não quer saber nem se chegam à nossa beira
Dizem que não se querem meter mas metem lenha na fogueira
Só desdenham a vida alheia com moral de ser parente
Mas se for p'ra enxer a geleira já ninguem se chega a frente
Nunca ninguem chega a tempo e nós vivemos com medo
Na escola sem amigos, em casa sem brinquedos
O SASE é que paga os livros, a mãe não tem capital
E vivemos nesta casa esquecida pelo pai natal
Mãe, se eu pudesse dava-te milhões em papel
Na janela a brincar com aviões de papel
Um dia eu serei rei num castelo e dou-te um reino
Diz aquele puto gordinho sempre com o mesmo fato de treino
O que relato é um retrato e não um guião estudado
De facto, não há união nesta união de facto
E so queria que hoje em dia não se notassem mazelas
E esquecer o que se vivia nessa casa à luz de velas
Minha mãe está envelhecida guarda o seu trauma p'ra ela
A morte da minha avó levou sua alma com ela
Sempre viveu insegura e nunca teve apoio em nada
Mulher amargurada nunca se sentiu amada
Se eu pudesse, construia a maquina do tempo
P'ra mudar o passado e poder dar-to de presente
O que plantasse no passado daria frutos no presente
E hoje em dia o teu passado teria um futuro diferente
Eu faria com que tu escolhesses o melhor pra ti
Daria mais que o mundo p'ra tu voltares a sorrir
O meu desejo profundo é que nunca tivesses sofrido
Mesmo que eu nunca tivesse nascido
Nos escombros das sombras que assombram em mim
Eles sondam-me, encontram-me e sopram-me ao ouvido
Insistem p'ra eu contar o que sempre escondi
E esta talvez seja a letra mais dificil que eu escrevi
[Refrão 2: Alana & Player daKing]
Eu sei que sofres em silencio e que cobras a ti mesmo
Esse sigilo cinzento que cresce em ti
Sentes que morres por dentro e esqueces cada momento
Nesse sigilo cinzento que cresce em ti
Infância vai embora memoria vã e inglória
Criança adulta que hoje em dia ainda tem memorias
Isto não é um som de amor só porque tem drama
E a minha mae chora porque é humana
Infância vai embora memoria vã
Criança que ainda chora pela mamã
Aviões de Papel was written by PlayerDaKing.
Aviões de Papel was produced by Mister Z (PRT).
PlayerDaKing released Aviões de Papel on Mon Mar 11 2019.