[Refrão]
Eu sei que sofres em silêncio
E que cobras a ti mesma
Esse sigilo cinzento que cresce em ti
Sentes que morres por dentro
E esqueces cada momento
Esse sigilo cinzento que cresce em ti
[Player]
Infância vai embora memória vã e inglória
Criança adulta que hoje em dia ainda tem memórias
Isto não é um som de amor mas isto tem história
Estou a tentar perceber porque a minha mãe chora
[Interlude Alana]
Infância vai embora memória vã e inglória
Criança que ainda chora pela mamã
[Player]
4 crianças numa casa sem posses
Vem a mãe ser violentada sem hipóteses
E ela não tem mais forças cada vez faz mais esforços
O pai traz terror a casa e nem tem remorsos
Ele foi nascido e criado no porto
Minha avó dizia que desde miúdo ele tinha o diabo no corpo
Um dia ainda aparecia morto esfaqueado ou afogado num poço
Que trazia maldade no rosto e com a idade revelou-se
Porque nos odeias tanto não temos culpa de ter nascido
Sóbrio das uma de santo com a desculpa de teres bebido
Porque descarregas em nós os erros por ti cometidos
Porque renegas a família que devias ter protegido?
Era suposto passarmos fome e tu vires com casacos novos
E essa puta que nem tem nome tu das-lhe uns sapatos novos
Nós sermos pobres pra ti é uma brincadeira
Não vês que ela só ama a tua carteira
Mas é com ela que gastas, é ela que tanto adoras
O sexo dela vicia e merece ir jantar fora
Só te explora não vivem amor nem historias
Só tem o corpo pra te dar e em troca dás-lhe ouro e jóias
A nós, mandas a cara que mais valia ir pedir esmola
Bastava que te importasses, perguntasses como vai a escola
Queres jogar a bola? mas nem vontade mostras
Custava demonstrares que tinhas saudades nossas
Nunca te esforças só queres é noites loucas
Olha para a minha mãe não vês o quanto a magoas
Quando a atraiçoas, só nos amaldiçoas
Percebe que somos nós que sofremos com as tuas escolhas
Não respeitas a mulher que depositaste confiança
A que juraste amor eterno quando trocaste alianças
Alimentaste esperanças nessa juventude intensa
Tu prometeste amá-la na saúde e na doença
Cada atitude uma sentença, causaste tanto sofrimento
E ela morre por dentro, sentada a um canto inerte
Enquanto berras ameaças e dizes que um dia a matas
A sufocas com o cinto e a deixas no chão de gatas
E ela grita "Não me batas!! Os miúdos estão a ver"
Mas ele não quer saber ,porque ele só quer bater
E se nos portarmos mal, ela encobre e assume a culpa
Para nos livrar da raiva desse pai filha da puta
E ela só dorme, não come, está na cama todo o dia
Memórias são tão mas que não há fotografias
Já nem da atenção as filhas, não dá colo, não dá mimos
Só chora e afoga a dor em álcool e comprimidos
Sai a rua com vergonha, a enxaguar as lágrimas
Óculos de sol e um cachecol, para disfarçar as marcas
E está tão farta do martírio a que se expõe
Que só pensa em suicídio cada vez que vê um comboio
Ela sente-se depressiva ,e a vizinha que espreita
Diz não te rendas a essa sina, não vês como te desleixas te
"Tens que pensar nos teus filhos e em ti, porque não o deixas?"
Mas ela ainda o ama e não quer apresentar queixa
Ainda tem esperança que ele volte para seu lado
Diz que as putas com que ele anda o devem ter embruxado
O amor é cego, o amor é pecado
E enquanto houver amor ele será perdoado
A família não quer saber, nem se chegam a nossa beira
Dizem que não se querem meter, mas metem lenha na fogueira
Só desdenham a vida alheia com moral de ser parente
Mas se for pra encher a geleira já ninguém se chega a frente
Nunca ninguém chega a tempo, e nós vivemos com medo
Na escola sem amigos ,em casa sem brinquedos
O SASE é que paga os livros, a mãe não tem capital
E vivemos nesta casa esquecida pelo pai natal
Mãe ,se eu pudesse dava-te milhões em papel
Na janela a brincar com aviões de papel
Um dia eu serei rei num castelo e dou te um reino
Diz aquele puto gordinho sempre com o mesmo fato de treino
O que relato, é um retrato, e não um guião estudado
De facto, não há união nesta união de facto
E só queria que hoje em dia não se notassem mazelas
E esquecer o que se vivia nessa casa a luz de velas
Minha mãe está envelhecida guarda o seu trauma pra ela
A morte da minha avó levou sua alma com ela
Sempre viveu insegura e nunca teve apoio em nada
Mulher amargurada nunca se sentiu amada
Se eu pudesse, construía a maquina do tempo
Pra mudar o passado e poder dar-to de presente
O que plantasse no passado daria frutos no presente
E hoje em dia o teu passado teria um futuro diferente
Eu faria com que tu escolhesses o melhor pra ti
Daria mais que o mundo pra tu voltares a sorrir
O meu desejo profundo é que nunca tivesses sofrido
Mesmo que eu nunca tivesse nascido
Nos escombros das sombras que assombram em mim
Eles sondam-me encontram-me e sopram-me ao ouvido
Insistem pra eu contar o que sempre escondi
E esta talvez seja a letra mais difícil que escrevi
[Refrão]
Eu sei que sofres em silêncio
E que cobras a ti mesma
Esse sigilo cinzento que cresce em ti
Sentes que morres por dentro
E esqueces cada momento
Esse sigilo cinzento que cresce em ti
[Player]
Infância vai embora memoria vã e inglória
Criança adulta que hoje em dia ainda tem memórias
Isto não é um som de amor mas isto tem história
Estou a tentar perceber porque a minha mãe chora
[Interlude Alana]
Infância vai embora memória vã e inglória
Criança que ainda chora pela mamã
Infância vai embora memoria vã e inglória
Criança adulta que hoje em dia ainda tem memórias
Isto não é um som de amor mas isto tem história
Estou a tentar perceber porque a minha mãe chora
Aviões De Papel was written by Player (Rap).
Aviões De Papel was produced by Mister Z (PRT).
Player (Rap) released Aviões De Papel on Mon Mar 11 2019.