Nesta crônica poética de Luanda, Todos Os Sonhos retrata a cidade como um organismo ferido, onde cada amanhecer revela contrastes brutais entre beleza e abandono. Entre a miséria e o lindo sorriso das pessoas, o artista traça imagens da precariedade urbana, da violência policial e da resistência cul...
[Intro: Kisha]
No encanto da saudade filtrada
Dá-se a doce santidade remontada dos alheios
Sentimento não é o mesmo
Cruzaram-se tremores e medos ao longo da cidade
Afastaram-lhe da encruzilhada com dor e ardor
[Estrofe I]
Pelos forames do tecto eu vejo o começar do dia
Nem estrelas têm sossego, e só são cinco da matina
Desperta sol, para iluminar a trilha
Aline Frazão nos fones terapia garantida
Vizinhança não é das melhores, ninguém se importa
Administrador do bairro não vive num jardim de rosas
A chuva vem e arromba, polícia vem e bonda
Rufino hoje faz boda pela morte de Rescova
Sem Imogestin, cá não há Teixeira Duarte
Temos cubicos de chapas, cheira a esgoto cá no bairro
Mas nem tudo sabe mal, tem a Uóki a fazer arte
Nas paredes temos tags e grafites de AndGraf
Educação é barata, música é de plástico
Titica, Ary, C4, sons para aterro sanitário
Bonga nem bate tanto, política do estado
Demónios calaram os clássicos da soul de Waldemar Bastos
[Refrão I]
Tudo é duro na gamela quando o dia nasce
Atrás do prejuízo a urbe é um caos
Quando a arma da polícia faz algum disparo
Em plena luz do dia uma zungueira cai
O clima é mais sombrio quando o sol se vai
É hora dos ninjas trazerem o caos
Quando a arma da polícia faz algum disparo
Na manhã seguinte uma vida se vai
[Esftrofe II]
Na embriaguez nocturna a sobriedade é mais profunda
Sob a urbe nascem músicas onde almas dançam nuas
O clima acinzentado, o nevoeiro cobre a lua
O vento atrai o cheiro a chuva pelos prismas dessas ruas
Nunca isoladas, há sempre uma alma pelos cantos
Levo no bolso o trocado do tropa do beco ao lado
Prostituição no Zango, um bebum cambaleando
Um cenário desolado, um ciente atrás de um trago
Entre a recusa e a opção debaixo de pontes pernoitam
De saias curtas minhas manas pela noite vão
Futuro trará um loop fruto desta relação
São 9 meses 16 anos, pontes déjà vu serão
E o nevoeiro entre a brisa se dissipa
E gotículas chuviscam sobre a terra já renhida
Mas ninguém vai para casa, nunca antes das 5:30
Porque enquanto o sol não nasce não começa um novo dia
[Refrão II]
Tudo é duro na gamela quando o dia nasce
Atrás do prejuízo a urbe é um caos
Quando a arma da polícia faz algum disparo
Em plena luz do dia uma zungueira cai
O clima é mais sombrio quando o sol se vai
É hora dos ninjas trazerem o caos
Quando a arma da polícia faz algum disparo
Na manhã seguinte uma vida se vai
Até Mais, E Obrigado Pelos Peixes was written by Todos Os Sonhos.
Até Mais, E Obrigado Pelos Peixes was produced by Todos Os Sonhos & Ours samplus.
Todos Os Sonhos released Até Mais, E Obrigado Pelos Peixes on Sun Jan 01 2023.