As Veias Abertas da América que Atira

[Verso 1: Ali]
Ouvi falar de um dito cujo
Cuja política é dar uma já "dita dura"
Aos opositores e corruptos
Conquistou pastores e seus públicos
Inundando com a intolerância metros cúbicos
A favor fatores
Usou religião e bons costumes pra conquistar seus eleitores
Bateu com o martelo da ignorância
Pregou o ódio e incitou matança
Dos nossos, desfavorecidos
Ativistas mortos, indígenas desaparecidos
Ofendeu minha família, mãe, avó e minha futura filha
Pôs em risco pretos e quilombolas
Tô pronto pra guerrilha
Fascista agora "chola"
Que não vai adiantar armar "prayboys" e seus músculos
Mulheres merecem mais que salários minúsculos
Dia 29 começou com uma noite de insônia
Sonhei com as mãos imperialistas derrubando nossa Amazônia
Mais um indício:
As portas serão abertas ao sanguessuga petrolífero
O ódio e sua essência, malditos
Ferindo meus irmãos e nossa existência, malditos
Não me calarei, por aqui seremos resistência

[Verso 2: Garça Negra]
Cuidado ao andar sozinho em locais escuros
Coitados dos nossos índios, não estão seguros
No poder, um louco explana a burrice de um povo
Ontem sumiu mais um corpo e os rastros eram de coturno
Pra quem não vai nos debates, e, quando vai, leva cola
Fala de kit gay porque nunca entrou numa escola
Respeito a democracia e o poder da escolha
Mas sem deus 'guela abaixo, o Estado é laico, porra!
Endeusam falsos profetas com discurso ilusórios
São eles que fazem festas quando é nosso velório
Minha posição não é segredo, eu não tenho medo
Pode vir, porco fascista, aqui é bastardos inglórios
O choro é livre, né? É claro
Principalmente da mãe que teve o filho negro baleado
O choro é livre, né? É claro
Principalmente da mãe que teve o filho gay que foi espancado
E de que servem essas leis no Brasil que mais parece a Itália em '23
E esse é o cenário do Estado
Presidente que não lava um prato
Apoiado por latifundiários que enriqueceram com trabalho semiescravo
Você não tá preocupado, mas tu também é o alvo!