Com o passo esquivo, em fuga
Pelas ruas me alastrei
As desoras me devoram
Vou em lenta brutidão
Aos milagres devo tudo
Coa cidade me troquei
Fragmentário, corro o espaço
Sou espírito dos corpos
E de todos os olhares
Cego errante das marés
O meu impulso vem dos astros
Da vontade temporária
Que obedece à cisma eterna
Cuja força só ao raio
Incendiário se assemelha
Da fraqueza tomo as graças
Do sangue escuso abro asas
Da flecha acesa faço luz
Aos espinhos devo o calo
E calado guardo senhas
O segredo a que aponto
Deve às flores seu silêncio
Com o passo escrito em fúria
Sondei parques e quintais
(Sem respostas, me avancei)
Da cidade me purguei
Flâneur released Aos Milagres Devo Tudo, à Cidade Devo Nada on Sat Apr 22 2017.