Abrakadabra

[Intro]
Salazar, boy

[Verso 1]
Até há pouco tempo sem faixas gravadas
Against all the odd's e a favor de fakes
Mantive-me atento sem piscas na estrada
Com a cinza no colo e a cabeça onde sei
Sei que tu vais em jogadas maradas
Então modo solo tem sido o meu game
Não há cá reboques nem golpes de sorte
Há la cucarachas enfiadas no meio
Entrei do meu jeito
Salazar no peito
Não deu para passar sem ter uns arranhões
Boy não fui feito para andar no passeio
A dica era voar e riscar corrimões
Scars on my face, joelho num eight
Mas a placa intacta até com palavrões
E tirei proveito de dentes de leite
Deixei-os com a fada em troca de uns tostões
Deixa para depois, demais atenções
Pensa nos milhões que sonhas ter um dia
Serve para os dois, lembra das lições
Há que admitir, quase adormecias
Hoje quem sois contradiz visões
O brilho do mártir e a fé de um messia
Saca os colhões, faz-te aos tubarões
É que só podes, ter-te enganado na profecia
Eu não 'tou na fila para ser barrado
Tenho as barras verdes mas com livre acesso
Se fosse má vida nem tinha tentado
Entrava 'pa firma com nome na guest
Eu não sei como ao certo mas só por acaso
Dei por mim a correr atrás do que quero
Não canto só pelo cash dread canto por rap
E se deres lá o check mano, um gajo agradece
Mas como é que queres que faça de graça
Se as contas tão caras e vem em meu nome?
Como é que sugeres que não tenha lata
Se eu não vejo pratas por mais que eu as cobre?
Boy eu não sou cego
Tenho olhos na cara e essa salganhada até tira-me a fome
Já não temo a morte, temo a minha sorte
E plateia aplaude, a papar popcorns
What the fuck is this?

I mean what the fuck?
Naaa
Não vou papar disso
Não vou...
Não vou dar calote ou minar o copo de quem admiro
Fé no que acredito
Porque é bom para a tosse

[Verso 2]
Porque o karma quando volta é paulada nas costas
Tropa até te mijas
Só vendo verdades p'ra um dia mais tarde
Não ser um alvo de mentiras
Perguntei ao sábio a ver se me safo, se sigo carreira de rimas?
O sábio disse peanuts, mas
Escreve e faz figas, dass!
E foi o que fiz
Dum não obrigado para o meio do baralho
É claro que fui buscar força à raiz
Para não usar força em pobres coitados
Não entendas errado, o otário 'tá aqui
'Tá a dividir louros p'ó bem do churrasco
Quero a fam do lado se for 'pa subir
P'ra quando eu cair ter a fam por baixo
A amparar um gajo
Aspas 'tão postas por fora e por dentro
Marquei na pele o emblema da marca
Eu não sou da laia que pára no tempo
Sou da que faz os trabalhos de casa
Vejo mais caras e nenhuma entende
Mas todas sentem o rap no cara
Até já me vem perguntar o segredo
Olha o caralho, Abrakadabra!
Sigo com classe, passei no casting
Sinto-me um astro em cima do palco
Dou o meu engate, só do sotaque
Bitches que aplaudem pedem 'pó talco
Hater a espumar-se, chamem-lhe um táxi
Teu rap básico, o habitual
Já o meu de Marte, uma cena à parte
Quase linguagem universal
Um passa o bem e um beijinho à prima
Bem ou a mal eu sei que ela quer
Não sou do mal ou coisa parecida
Mas não sou exemplo 'pa criança que és
Antes debaixo de terra batida
Do que criar raízes onde algo já cresce
Não sou de ficar, eu saio por cima
E quem me pisar vai me beijar os pés
Bitch

Entre Aspas