Letra de "A Voz" com Kivitz, Dona Kelly, Rashid e Stefanie
[Verso 1: Rashid]
Quando tô a sós, a voz vem
Quando em meio aos nós, a voz vem
E quando tá nóis? A voz vem
Mas cabe a vós procura-la também
Em meio ao caos da vida hoje, buzina dos carro
Onde tudo é ouro, como fica o vaso de barro?
Difícil é olhar pra si, ora
Quando as pessoas te põem em prateleiras pelo que veem por fora e só
Bora nóis, pelos tento
Mas o mundo é uma rede social, ele devora seu tempo
Likes, números, views, na lata
Esqueça Humanas, isso é uma graduação de Exatas
Na capital, um pecado capital pelo capital
Pra comprar um boot, um cap e tal
Não no meu quintal, minha trilha é indie
Pouco importa o preço da bebida se não houver motivo pro brinde
Eu ouço a voz e não é metafórica
Assim como minha fé que não é alegórica
Ideia categórica, loka
Às vezes a gente só não ouve a própria voz porque não cala a própria boca
[Verso 2: Dona Kelly]
Deus falou comigo, mano
Bem quando a minha mãe tava falando
Que tudo começou no parto
Naquele quarto um tanto mágico
"Cê nasceu menina, não esperava, mas foi fantástico"
Eu fui crescendo e vendo um zum zum zum
Alguns abusos, os boy que nem uns urubus
Ganhei uma boneca com cara de bebê
E não pistola plástica que mostra poder
Todos me diziam que eu não podia ser
Mas eu não aceitava e não entendia os porquês
Cansei, parei de ouvir os blábláblá
Reconheci a voz que já me conhecia
No gogó desfazia o nó, nova tentativa
O som emudecia, essa noite amanhecia
[Verso 3: Stefanie]
Sinais se fazem forte, esteja atento
Lamentável padecem os desatentos
Não flagram o movimento ao redor
Na espera de uma resposta que foi dada faz tempo
Deus fala de diversas formas
Nunca se cala, sempre informa, não utiliza normas
Usa a pureza do inocente pra dizer pra gente
Que é paia o mal dizer e o mesmo fim pra comprovar que nós não somos diferentes
Somos indiferentes, ignoramos, tapamos ouvidos
Nossa zona de conforto é nos mantermos iludidos
Quem que desfruta? Estive na escuta
Como Luther King, o engano aqui não me recruta
Silenciei, a sua voz veio falar ao meu coração bem forte
Me dando um norte, o meu suporte
Só tenho um pedido pros perdido, em cima do muro, indeciso
Que esse rap chegue como um aviso
[Verso 4: Kivitz]
Quando a caneta treme é um bom sinal: sintonia fina
Acende quem se fez portal pra ouvir além da doutrina
A conversa é entre corações
Sonhos e paixões fazem sentido em que te tem sentido vivo entre os pulmões
Me dá até medo, Pai, quando o fio do enredo cai e bato a nave
Apenas certo do conserto do seu jugo que é suave
Nesse jogo que num é leve
Me vi louco achando pouco esse teu sangue pra pedir que ele me lave
A voz é ar, então inspiro, ressuscito
Contra cada mito manco, rito branco
Que transforma em crime o que mata o conforto, um vivo morto
Eu sou o homenzinho torto
Tropeçando no meu próprio pé, até pegar no tranco
Mundo mente, irmão, não seja burro
Você que escolhe qual volume que ressoará o sussurro
Pra quem se fez surdo ou cego, ou mesmo mudo
Seja sua voz, me entrego, que Ele cuidará de tudo
[Saída: Kivitz]
Rashid, Dona Kelly, Stefanie, Kivitz rimando sobre a voz
E pra rimar sobre a voz é necessário ouvi-la