[Verso 1 - Capicua]
Eu cresci a ouvir Zé Mário
TV era a rádio
E a minha primeira rima foi à porta do infantário
Meu pai sabe-a de cor como ao Cesário e ao O’Neill
Que eu também já decorei só de ouvi-lo repetir:
“Por favor, Madame, tire as patas
Por favor, as patas de seu cão de cima da mesa que a gerência
Agradece”...
(sou) presidente da república do meu coração
Com opinião política, sem organização
E é por convicção, que não louvo abstenção
Tenho o dever do voto por quem fez revolução...
Tenho intervenção, na rima e na atitude
Para que isto mude, para que isto siga novo rumo!
A minha religião é auto-superação
Não façam comparação, brilho no escuro
Sou uma num milhão e tenho ambição
A missão de servir de inspiração para o futuro!
Com a minha palavra, que é arma com efeito
Local, afinal mudo o mundo aqui primeiro, eu não sou dos partidos
Sou dos inteiros, o colectivo é activo
Se o indivíduo está desperto e tudo começa no peito
Com a música por perto do verso, é perfeito!
[Refrão - Capicua]
Não tenho nicho, nem naipe, não acredito no hype, já era
Odd no passado, hoje mantenho o style
Isto é um vício de facto, eu não resisto e ressaco
E pela rima eu desfaço qualquer obstáculo!
[Verso 2 - Capicua]
Quero genialidade para emocionar, ter um "je ne sais quoi"
Como o J.B. no “ne me quites pas”
Ter capacidade de inovar sendo fiel à raiz
Ao país e à cidade invicta!
Eu quero mais
Quero um público e ter o dom de lidar bem com o público
E sobretudo envelhecer com o meu público
Eu queria um dia viajar como um músico
Quero tocar e gravar num estúdio
Mas quero divertir-me acima de tudo
Quero poder pagar a quem trabalhar comigo
Ao Diego sobretudo recompensá-lo é devido
Eu um dia ainda vou dividir o palco
Com uma banda e era bom ter um técnico de som
E o cachet merecido...
Eu sou Mc eu estou-me a expor aqui
Dou tudo de mim e já decidi
Não vou discutir mais ou menos 20 euros
Com os chulos que andam para aí
Promotorzecos de merda eu pago para não ouvir
Faz por ti mas respeita a tua classe
Se tocas de graça ou quase (tu) boicotas os teus pares
Devia haver um sindicato do Rap
Que acautelasse a nossa dignidade
Já que isto agora é negócio
O que é nosso está no fosso, até chega a ser boicote
Em festivais não é suposto
Só toca banda de rock, nos phones é o oposto
Putos só ouvem Hip Hop
Dá desgosto ver que o esforço nunca chega a ter suporte!
Nesta lua-de-mel da musica portuguesa
Novamente em português excluem os Mc’s, ou seja
Quem sempre fez desta língua uma certeza
Mas que nunca vês em TV’s ou imprensa!
[Refrão - Capicua]
Não tenho nicho, nem naipe, não acredito no hype, já era
Odd no passado, hoje mantenho o style
Isto é um vício de facto, eu não resisto e ressaco
E pela rima eu desfaço qualquer obstáculo!
[Verso 3 - Capicua]
A minha religião é auto-superação
Não façam comparação, brilho no escuro
Sou uma num milhão e tenho a ambição
A missão de servir de inspiração para o futuro
Como eu ninguém faz aquilo que eu faço
Aquilo de que sou capaz
Aquilo em que me esforço e eu posso
Posso furar a indústria
Criar oportunidades a fazer a minha musica
Como a Diams, a Debelle, a Rodriguez
Fazer com que chamem Rap ao Rap de raparigas
(mas) façam figas, há uma coisa que eu preciso
É ter o Di e a M7 no mesmo barco comigo
Corações ao alto no mesmo palco comigo
Rotações no prato
No mesmo beat fodido!
A minha religião é auto-superação
Não façam comparação, brilho no escuro
Sou uma num milhão e tenho a ambição
A missão de servir de inspiração para o futuro!
A última was written by Capicua.
A última was produced by Pedro Geraldes.