[Falado]
Então, quando eu era rapazinho lá em Irará, eu fiz uma música ainda muito delicada. Naquele tempo, as coisas eram muito tratadas com muita distância, com muita metáfora, e tal. Então eu fiz uma canção que já falava em negócio de dedo, falava assim:
[Sussurrado]
[?] Desce do pé de manga, sobe no pé de manga, desce do pé de manga. Eu posso minha filha, eu uso batom caramelo... [?] Tão com inveja... Eu uso batom caramelo, eu posso, eu uso, eu posso
[Cantado]
Lá perto de casa
Lá perto de casa
Tinha uma moreninha
[Sussurrado]
Sobe no pé de manga, desce do pé de manga... Não deixa teus filhos andar com essa menina, Helena. Essa menina é uma menina perdida, Helena. Não deixa teus filhos andar com essa menina. Sobe no pé de manga, desce do pé de manga, pula mulo sem calcinha... Essa menina é uma perdida Helena, não deixa teus filho andar com essa menina...
[Cantado]
Que toda a tardezinha
Ia com a lata
Na fonte buscar água
[Sussurrado]
Mas deixa eu botar só o dedinho... Mas ela sente cócega, qui-qui-qui [?] Qui-qui-qui... Mas deixa eu botar só o dedinho... Mas ela sente cócega, não aborrece a menina, eu já disse...
[Falado]
Então essa música falava em dedo dessa maneira delixada. Hoje em dia tá tudo muito coisa né. Naquele tempo qual era o pai que ia virar pra um filho falar e dizer "Venha cá que eu vou te explicar uma coisa: você tem que pegar aqui, botar ali..." Vá-de-retro, Satanás! Qual era o pai que iria fazer um negócio desse? Tudo era aprendido pela magia, pela observação. A gente tinha que ser muito atento, e tal. E então eu quanto agora uma música explicitamente chamada "Dedo", né? É...
A Moreninha was written by Tom Zé.