A Luta Do Jornal Do Comércio

[Letra de "A luta do Jornal do Comércio"]

[Narração: José Mário Branco]
22 de agosto de 1974, exigindo o saneamento do diretor fascista Carlos Machado, os trabalhadores do Jornal do Comércio entraram em greve
Durante os 46 dias que esta durou, grandes foram os ensinamentos colhidos pelos trabalhadores grevistas, pelos trabalhadores que manifestaram esta solidariedade e, em geral, por todo o povo que apoiou esta justa luta
Muitas foram as provocações e as manobras de sabotagem. Os falsos amigos do povo, que se encobrem com palavreado popular e dеmocrático, mostraram a verdadeira face dе traidores dos interesses do povo. Muitos foram os insultos e os incitamentos à traição
A tudo, os trabalhadores do Jornal do Comércio reagiram com firmeza e organização
O saneamento dos fascistas é uma luta justa, deixá-los organizar-se livremente em nome das "liberdades democráticas" é um crime repugnante, que já custou a vida a milhares de trabalhadores por esse mundo
28 de setembro de 1974, a intentona fascista é esmagada pela ofensiva popular e pela intervenção dos soldados e marinheiros
Nas listas dos fascistas presos, como principais responsáveis da tentativa de golpe surge, ó surpresa dos traidores, o nome de Carlos Machado. Não se surpreenderam os trabalhadores do Jornal do Comércio, nem o povo. Quem se engasgou foram os gerentes da burguesia com a missão de iludir o povo
A prisão de Carlos Machado viria a confirmar, se ainda fosse preciso fazê-lo, a justeza na luta pelo saneamento dos fascistas
O 28 de Setembro demonstrou que o fascismo está à espreita e que só a vigilância, a mobilização e a organização populares poderão liquidar a fera fascista
Viva à justa luta dos trabalhadores do Jornal do Comércio
O fascismo não passará!

[Verso 1: GAC]
Muita gente, nesta terra nos fala em democracia
Mas os meios de informação estão nas mãos da burguesia
E no jornal do comércio, os trabalhadores unidos
Fazem uma justa greve para expulsar um bandido

[Refrão]
Ó Machado, vai-te embora, que nós não te queremos cá
Nós estamos vigilantes, o fascismo não passará!
Ó Machado, vai-te embora, que nós não te queremos cá
Nós estamos vigilantes, o fascismo não passará!
O fascismo não passará, o fascismo não passará!

[Verso 2]
22 dias passaram, e a greve continua
Nem que o ministro não queira, o Machado há de ir para a rua
Para isso conseguirmos, o povo tem que apoiar
Contra esses fura-greves que nos querem isolar

[Refrão]
Ó Machado, vai-te embora, que nós não te queremos cá
Nós estamos vigilantes, o fascismo não passará!
Ó Machado, vai-te embora, que nós não te queremos cá
Nós estamos vigilantes, o fascismo não passará!
O fascismo não passará, o fascismo não passará!

[Verso 3]
Lutar pelo saneamento é lutar contra o fascismo
Que é o perigo permanente de todo o capitalismo
Camaradas da imprensa, não podemos desarmar
Nós queremos democracia, mas tem de ser popular

[Refrão]
Ó Machado, vai-te embora, que nós não te queremos cá
Nós estamos vigilantes, o fascismo não passará!
Ó Machado, vai-te embora, que nós não te queremos cá
Nós estamos vigilantes, o fascismo não passará!
O fascismo não passará, o fascismo não passará!

Mas há muitos mais Machados que o povo expulsará
Nós estamos vigilantes, o fascismo não passará!
O fascismo não passará, o fascismo não passará!
O fascismo não passará, o fascismo não passará!