A Casa dos Quadros by Enigmacru
A Casa dos Quadros by Enigmacru

A Casa dos Quadros

Enigmacru * Track #9 On Emperfeito Equilíbrio

A Casa dos Quadros Lyrics

[Letra de "A casa dos quadros"]

[Verso 1: Each1 & Chek1]
A porta abriu sem que eu batesse
Instintivamente entrei lá dentro
Estava escuro, mas por pouco tempo e ele sabia
Havia um interruptor no corredor da frente
Por trás do armário junto à parede
Sob o lado esquerdo
Depois de acender a luz
O cheiro a pó tornou-se menos intenso
E à medida que caminhava
Transformava-se num diferente
Aproximou-se do que julgou ser diluente, calmamente
Por entre armários gastos pelo tempo
Estes objetos embalsamados
Cadernos arquivados, espalhados
São
Demasiados para serem contados
E os móveis eram tão altos
E o céu parecia mais baixo
Havia espelhos partidos
E o meu reflexo aos pedaços
Mas num intacto, a imagem
Não acompanha o movimento dos meus braços
Pouco depois percebeu
Que não apontava para mim, mas sim para um quadro
Onde ele estava pintado, naquele momento exato
Se nem ele sabia que ia estar neste quarto
Tinha chegado antes da tinta ter secado
Ninguém saiu antes de eu ter entrado
Haveria mais alguém consigo?
Há mais alguém comigo
Voltou por onde tinha vindo e contornou os livros
E estranhamente estava noutro sítio
A estrutura tornou-se num precipício
Longínquo como os limites da ponte
Nenhum dos dois me é nítido
As tábuas rangeram, frágeis de mais para o propósito que tinham
Pousou os pés e eram ainda piores do que pareceram
Era como se aquela ponte insistisse em oscilar constantemente
Dobrando-se sobre si mesma
Ameaçando partir-se
O vento ignorava-o como os pássaros em torno das montanhas
Essas depois do abismo que se estende abaixo dos seus pés
O extremo mais alto culminava num jardim
Ermo como Sérgio se sentia
As memórias caem em círculos como as folhas que o rodeiam
Eu já estaria do outro lado se os ramos não me puxassem
Eram tantos que não dava para afastá-los
Sem que se multiplicassem
Os espinhos cravam-se na cabeça tão profundos
Como os pensamentos
E ao tirá-los é como se mos arrancassem
Insistiam em mantê-lo preso
Adaptando-se aos meus movimentos
Há um banco de cimento por trás dos arvoredos
Tão densos
Nem me apercebo
Quando lá chego é que sento naquelas folhas verdes
Contrastavam num jardim cinzento
E os olhos demoraram a adaptar-se ao ambiente
As plantas fazem padrões evidentes
Como que a dizer para seguir um deles
Foi quando o encontrou
Aproximou-se a imagem
Demorou a assimilar
E pela expressão na sua face, tu ficaste tal como eu estou
Era inevitável falarem-lhe do que se passou antes de tudo
Para perceberes que não te culpo
Antes que mudes de assunto
Ou antes que eu mude
José manteve-se mudo, Sérgio falava tudo
O que acumulara desde a última vez juntos
E o restaurante talvez fosse a única coisa que tinha
Porque ao perdê-lo, perdi todas as coisas que tinha
Bem me avisaste que a Paula parecia um pouco iludida
Sem que fosses capaz de perceber que eu 'tava mais ainda
A culpa é minha
Que eu nem ouvia o pouco que dizias
Só quando te afastaste é que vi a falta que me fazias
Acho que não teria percebido mesmo que me explicasses
Nem que me colocasse do teu lado
E olhasse para o que tu vias
Despediste-te, pouco depois, ela engravida
Se já soubesses isso, naquele dia, ficavas ou saías?
Tinha passado a tarde toda a olhar p'o quadro
Ali sentado, começava a duvidar daquilo que havia imaginado
Colocava a hipótese de existir um significado
Ou mais pinturas com o intuito de explicarem algo
Vi um buraco, aproximou-se
Baixou-se, já tinha entrado lá dentro
Quase consigo tocar no escuro por ser tão denso
Foi ficando mais frio à medida que se ia perdendo
Se houver sinais, dificilmente vou conseguir encontrá-los
A dado momento, ouviu ser chamado
Pelo cheiro a diluente
Seguiu as vozes até as ouvir nitidamente
Tinha chegado antes da tinta ter secado
Ninguém saiu antes de ele ter entrado
E ao tocá-lo, pintou os braços
Tenho que ter cuidado, levá-lo-ia lá para fora
Contornei o primeiro obstáculo
Os próximos levariam horas
O escuro leva-me sempre ao mesmo sítio
É a segunda vez que passo pelo meu cheiro a mijo
Quase o piso
Ao entrar em desequilíbrio
Havia o pedaço que me faltava
Havia guardado os outros
Três passos atrás do sítio onde estava
Passaram a quatro, imaginou o sítio
Eu sei que 'tou mais perto de encontrá-lo
Ao pisar algo menos sólido do que as outras pedras
Quando fletiu as pernas
A textura parecia suja com terra
Mas sem a forma certa
Voltou p'a trás
Contei os passos
Juntou as peças
Gradualmente, o cinzento foi-se transformando em verdes
No que parecia ser um novo jardim à volta dele
Ia crescendo, percetivelmente
Como se consequente do seu comportamento
Tavas com aquele ar de indiferente e com a cara do costume
Como se tivesses sido este quadro a vida toda
E agora assumes
Ao falar contigo sozinho também eu me sinto um
Tinham-se conhecido num domingo
Em que trabalharam juntos
Ela chegou 15 minutos antes para aprender a mexer na caixa
E conhecer os pratos do restaurante
Vinha elegante, sem se exibir
Sem se inibir
Fazias mais do que eu podia exigir
Ao ir e vir das mesas
Olhava para ti
Mas não era único
Dias após os ciúmes tornaram-se lúcidos em mim
A relação entre José e Paula parecia-lhe
Ser mais do que era
Acabou por perceber o quão amigos eram
À medida que se aproximou dela
Afastou essas ideias
Há coisas que não se ponderam
E ali estávamos nós na mesma casa
O mesmo quarto, a mesma cama
Juras que não me enganas?
Ambos o disseram várias vezes
As semanas passaram a meses
E eu pareço sentir
Tudo a converter-se em desinteresse
Naquele dia
Eu só 'tava a tentar dizer-te adeus
Mas não fui a tempo
Tu interrompeste como me fazias sempre
Há muito que não lhe falava tão docilmente
Parecias ter alguma coisa a esconder-me
Já há alguns meses
Ela guardou os pensamentos
Até que o primeiro escorresse pelo rosto
E em momentos recompôs-se
Aproximou-se e disse "é uma menina, senão teria o teu nome"
Sérgio afastou-se de Paula e sentou-se no jardim

[Interlúdio: Each1]
Decidiu amarrar os quadros e levá-los consigo

[Verso 2: Each1 & Chek1]
Havia desaparecido a ponte por onde tinha vindo
Ao entrar em casa alguém tinha arrumado os livros
E havia portas que ele não tinha visto
Algumas nunca tinham existido
Não obstante, [leva o montante?] já tinha ido
Parei após ter insistido
Depois disso, decidiu-se
A não levar os quadros comigo
Se não fosse o cansaço
Nunca os teria deixado aos dois sozinhos
E ao sair pela porta
Entrei de novo naquele quarto
Onde só tava um quadro que não tinha trazido
Qual o motivo?
Quem seria? Sérgio ficou pensativo
Tiro conclusões sem sentido
E em nenhuma delas Eugénia se inseria
Como seria
Se continuassem os dias em que não aparecias
Não avisava
Nem atendias
Davas desculpas esfarrapadas como a farda que trazias
Se queres que te diga, Eugénia
As coisas corriam melhor quando não vinhas
Para além de não te pagar
Não havia louça partida
Lavavas menos pratos que os cigarros que acendias
Sempre tiveste um horário, mas raramente o cumprias
Nunca chegaste às quatro, contudo às dez em ponto saías
As duas personagens pareciam não tolerar-se entre si
Mas não podiam evitar-se
Porque ignoravas, Paula?
Quis perguntar
As memórias respondiam-me o que eu sempre vi
E agora que penso
Começou a lembrar-se
Do que estava escondido
Dentro de mim
Com esta possibilidade abriram-se novas portas
E eu saí por elas
À paisagem adaptavam-se as suas lembranças
Da mesma forma que o jardim ficou verde
Outras pinturas onde ele podia entrar, se tentasse, apareciam
E havia mais do que se viam
O ouvinte terá que ter em conta
Que a cada recordação corresponde uma moldura
E que naquela sala se encontravam todas juntas
As divisões na casa organizam-se
Numa ordem de importância análoga
À profundidade dos pensamentos de Sérgio
Todo o percurso até ao momento
Simboliza as diferentes sensações que tinha
Para com as personagens
E cada vez nos encontrámos mais longe da superfície
(10 meses antes)
Não me demorei assim tanto no advogado
No entanto com o trânsito
Passava o antigo mercado
Em direção à Foz erguiam-se casas em mau estado
Tal como temos estado
O telefone chamava e tu fingiste
Porque eu sei que ouviste
Ainda assim insiste
E extendo a velocidade e todos os nossos limites
Quando chegou as luzes estavam apagadas
As velas expostas induziam que alguém já lá estava
Pareceu-lhe ter ouvido Eugénia ao descer as escadas
Ficou convicto disso depois de as ter descido
Os ruídos confirmaram
Mas algo não 'tava certo
Enquanto se aproximava
Ouvi-os a fazer sexo, os meus passos denunciaram-me
Bati à porta e respondeu José

A Casa dos Quadros Q&A

Who wrote A Casa dos Quadros's ?

A Casa dos Quadros was written by Chek1 & Each1.

Who produced A Casa dos Quadros's ?

A Casa dos Quadros was produced by Chek1 & Each1.

When did Enigmacru release A Casa dos Quadros?

Enigmacru released A Casa dos Quadros on Tue Jul 10 2018.

What did Enigmacru say about "A Casa dos Quadros"?

Em entrevista à Hip Hop Cru, Each1 disse:

Por exemplo, “A Casa do Quadros” nós, primeiro escrevemos tudo em prosa [a história] e depois escrevemos juntos a letra inteira, e só depois decidimos quem ia fazer o quê..

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