[Intro]
"...E que género é que gosta mais?"
"Assim aquele estilo psicadélico, mais fora do vulgar"
"Ouça uma coisa..."
[José Mário Branco / Nerve]
Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial
Trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro...
[Verso]
Esta noite vi a porta do quarto a abrir sozinha
E eu não acredito em espíritos, então resta-me aceitar que estou a variar da pinha
Escreve o que eu digo, antes destes episódios serem norma, hei-de dar o nó na corda
Beija a minha pele morta
Engole o sapo e coroa-me a carcaça
Inglória vénia ao novo rei-cadáver
Bastarda justiça poética
Trasladação para túmulo em praça pública, numa clara póstuma homenagem cínica dessa fisgada escória
Eu não pertenço à corja de ignorantes
Só que a suposta escol intelectualóide enoja-me
Marcho contra o cor-de-rosa
Conheço a derrota pela alvorada mas, quando o sol morre, o monstro mostra-se
Mãe, estou mal na escola
A malta goza quando as minhas órbitas ganham espinhos de dentro da carne para fora
"Ignora, filho. Ter um demónio interior está na moda
Asas a sair das costas é perfeitamente normal, agora
São os noventas." – E eu a moldar uma alma torta
Vidrado na música de ódio que o meu irmão mais velho me mostra
Agora ó para mim, de cara escondida atrás da gola do casaco
Figura esguia, na noite fria, acampado à porta
Tão hipócrita
Declaro que nada importa enquanto estendo as mãos às nuvens, em súplica, à espera que do céu caiam notas
Sai um vodka, para a solitária celebração
Não sou nenhum napoleão, não tenho tropas
Entendo tanto de armas como de motas
Não sou dono da resposta para “a que horas dá hoje a bola”
Sempre fui o que ficou de fora
Nunca soube como se joga
Mas sei dedilhar um clitóris que nem um Paredes na guitarra
E também não sei como se toca
’98 was written by NERVE (PT).
’98 was produced by VULTO..
NERVE (PT) released ’98 on Mon Sep 28 2015.
Nerve diz num post do facebook:
“Tive a ideia para o início desta letra numa madrugada em que estava deitado e vejo a porta do quarto a abrir sozinha.
Era a minha gata a entrar, só.”