[Letra de "Flores"]
[Verso1]
Megalómano dentro de um metrónomo
Para um dia as ter num camarim
É óbvio
Tipo o Johnny Cash
Mas fuck o nome próprio
Quero o apelido na conta
Todos os meses sólido
Tanto tempo perdido
É quase sórdido
Há muito temo ferido
A dor perdeu o lógico
A spring sem break
E o outono vem castanho logo
As folhas caem
Como irmãos no óbito
Meto ramos fartos
Como os outros em velórios
Sou só eu, simplório
Com o cravo na lapela
Ainda há quem passe o ódio
Diga que eu não sinto a perda
Mas a sério, sócio
Só ele sabe o que eu passei
É um entra e sai do ópio
O doutor diz que assim é certo
E que eu vou ficar ótimo
Irónico, é cor de rosa
O que ele receita
Talvez seja de propósito
O mundo não é tão sépia
Enquanto eu for tomando o próximo
E as flores já são bonitas
Como se isto fosse 'tar sóbrio
Eu vejo o mal a nascer
Como uma...
Fingo que 'tou bem
Faço a fotossíntese
Tiro a macro
Para ver a beleza dela
À espera que um dia finde
Ego delicado como a pétala
Eu já deixei de ser raiz
Efémero como dias felizes
Em que as vi num jardim bonito
Onde andei perdido
Frito e nocivo
Ferido com os picos
Porque as arranquei fodido
Mas parece que altos e baixos
Dizem que eu 'tou vivo
E viver num contínuo não existe
Olha para o gráfico
De um acamado
Ninguém quer ver isso
E mesmo excessivo
Mais vale suspirar
A ver o cortador da relva
Ele que irrita a minha rinite
Até ao limite
Eu cresço livre
Como uma daninha
Eu vi-me nesta vida
Mais um organismo
Que equilibra o estado da biosfera
Eu vi a espera
De ver o fim impedir-me
De congelar o momento aqui