Quinto episódio da série de cyphers da Pineapple StormTV, “Poetas no Topo”, desta vez apenas com mulheres. A faixa tem sample de “Diamonds Are Forever”, de Shirley Bassey, música tema do filme de subtítulo homônimo da série 007 lançado em 1971. A trilha sonora do filme rendeu uma indicação ao Oscar...
[Letra de "Poetisas no Topo" com Mariana Mello, NaBrisa, Karol de Souza, Azzy, Souto MC, Bivolt & Drik Barbosa]
[Intro - Sample: Shirley Bassey]
Diamonds are forever, they are all I need to please me
They can stimulate and tease me
They won't leave in the night
I've no fear that they might desert me
[Verso 1: Mariana Mello]
1891, o mundo nasce de novo e todas nós viramos um
1917, retomamos nosso posto e nossa força se manteve
1919, Bertha Lutz deu início à nossa liberdade
1927, Celina Guimarães, artigo dezessete
Não tem véu, não tem réu, tem revolução
Tem a ira e tem a luta pra mais um refrão
Tem as cartas, tem a mesa e a minha mão
Aperta bem teu cinto e ponha o teu pé no chão
Me vejo nesse compasso, no passo de cada laço
E não me vejo mais sozinha rebolando na cara do Estado
Minhas linhas têm verdade, a gente busca a igualdade
Com as mina', a força rege, aniquilamos a maldade
As minas são sangue B, mas o ataque é fatal
Meu porte não tá cabendo no fundo do teu quintal
Nós que gera, é nós que pare, e não tem pool party
Vim contestar, fortificar, fazer mais um resgate
Nós entra na tua mente, não mente e te devora
Podem nos chamar de psica, psicose perigosa
Bem-vindo à nova era, a plateia tá na espera
Naturalmente ligeira, instintivamente, mãe da Terra
A malandragem te cerca, a gente se entrega
A gente te ama e a gente te cuida
A gente te cura e a gente te enterra
A gente se vira e a gente não para, intuição incomparável
Somos a fonte do amor inesgotável
Você não entende o que eu digo, isso é notável
A minha vó tem poderes e nem é filme da Marvel
[Verso 2: NaBrisa]
É o poder de mudar a cabeça entre as pernas
É a rua de saia, prostituta de alma veia
Isso é rap brega, Zé Colmeia, quantas ideia' eu deixei de dar
Pra menor que é joão-plateia sem espelho pra julgar
Não peço satisfação, facção pra ficar derrapão
Palavra, identificação
É o que trago no peito, aprendi a ser pura emoção
No seu lugar, pra mim não me emocionar
Vai dominar, todo lugar é meu lugar
Ah, eles vão me ligar, pra querer me alugar e me dizer
Que mina pode fazer rap, a prova disso é você
Hey, baby, se eu te mostrasse tudo que eu sei fazer
Você ia ficar de cara, cara, me encara, não para
Se prepara que eu não vou jogar na sua cara
Nós joga papo reto igual navalha na garganta de MC palha
Só que palhaça eu nunca fui pra nêgo vim tirar de otária
Eu não sei por que mina no rap
Causa tanta polêmica e confusão
Talvez seja porque 'cês nunca viram várias buceta' junto
Com tanto flow, postura e disposição, né não?
[Ponte 1: NaBrisa]
É nós que manda aqui também
É nós que vive aqui
Com nossos pés no chão
Levantando a cabeça toda vez que eles nos disserem não
É nós que vive aqui também
É nós que sente aqui, né
Com nossos pés no chão
Levantando a cabeça toda vez que vocês nos disserem não
[Verso 3: Karol de Souza]
Minhas linha vêm de bandido, eu sou língua afiada
E eu vim pelo caminho do bem
Nóis é preta de quebrada, nascida e criada
E não só quando nos convém
Meu corpo sente as batida, eu frequento as batalha
E as ruas me conhecem bem
Sou reset no seu jogo, bucetas no topo
Me chame Miss Notas de Cem
Sente o grave nas caixa, som tá batendo
Se tá tenso, relaxa, é só uma dose do que eu penso
Minha lírica é pancada porque eu honro os beat denso
Eu não deito pra nada e exalo conhecimento
Parara, pá, preta no melhor lugar
Quero (Parara, pá) tudo que o din' pode comprar, certo (Cala a boca)
Engole todo o seu machismo e reconhece
Nós é foda memo, nós é xota memo, mano
Brown me citou, 'cês começaram a me amar
Falta vergonha na cara e nós nem vai deixar passar
Respeita as bicha' preta', nem tudo tá nos contrato'
'Cês adora matar as gay, mas chama os parça' de viado
É chato e é fato, mas 'cês tem que reconhecer
Nós rima melhor que 'cê, nós faz valer os cachê
Mesmo sem análise, há quatro anos
Eu já tenho apoio das três listras que 'cês nunca, nunca vão ter
[Ponte 2: Azzy]
(Skrrt) Eu não tô fudida, eu botei pra fuder
Aprendi com a vida que é preciso viver
Eu não tô fudida, eu botei pra fuder
Aprendi com a vida que é preciso viver
[Verso 4: Azzy]
Anne Frank me dê um refúgio
Em teu abrigo que desse mundo eu fujo
Me dê alívio, eu peço ao Pai
Cujo nome é meu amigo
Que mora lá no Céu, que olha por nós
Que é fiel e que ouve minha voz
Eu vim do deserto também
Eu também passei a sede
Fui pisada, humilhada, até desacreditada (Eu fui)
Hoje quero vista p'o mar, água de coco e uma rede
Topo pras mina', respeito às mina'
Falo por mina, grito pras mina'
Entenda, mina, você é linda
Não há quem diga e deixe quem diga
Por favor, siga sua vida, por favor, deixa eu seguir a minha
Eu faço por amor (Faço por amor)
E minha trilha vai ser linda, isso é topo pras mina'
[Ponte 3: Souto MC]
Vitória pras minhas, vitória pros meus
Somos reis e rainhas, Eurídices e Orfeus
Vitória pras minhas, vitória pros meus
Somos reis e rainhas, Eurídices e Orfeus
[Verso 5: Souto MC]
Aos meus, foi ferro e fogo, fuga e sufoco
As missa' abafando os grito' de socorro
Revidamo' pouco, recebam nosso troco
Por cada cabocla que 'cês colocaram pra espancar nos toco'
Sua mão não mais me toca, não tô de touca
Conheço as rota', suas conversa' não têm mais força na minha oca
Oke Arô de lá mandou chamar
Certeira feito flecha de Potira, eu vou atirar
Pode tirar o sorrisinho do rosto
Meu espírito tá disposto e não aceita menos que ganhar
Eu sou tipo um substantivo composto
Onde a primeira palavra é sonho, a segunda é realizar
Pode chamar de bruxo em chama, nas linha', feitiço
Rap é meu ritual e, pra tá aqui, fiz sacrifício
Sentindo na pele o quanto é difícil
Ser mulher aqui é carregar o peso de cem edifício
A mais estranha naipe Eleven, estamos no jogo, nível elevem
Sem essa de ficar calada, não mais relevem
Torço pra que os ventos minha música leve
E a cada canção cantada, eu me sinto mais leve
Somos fenômenos como o eclipse solar
A maldade de quem olha nem chega a isolar
Ideia que devora, decora, degola
Meu rap também é festa, se quiser, então rebola
Nem tenta controlar
Meu talento é pedra bruta e eu vou lapidar, eu vou sem me podar
Só crescer, vou me consolidar
Pra aprender a lidar com minha soledad
Nessa pegada, bicho solto vão me apelidar
Linda é a estrada e dela não vou desviar
Minhas asas eu mesma fiz, tô pronta pra voar
Minhas rima picada de abelha e o voo é borboleta
As pancada que a vida dá, eu vou tirar de letra
Oyá é quem me acompanha nessa minha peleja
Disso não quero inimigos, quero minhas maleta
Vou correndo pra não perder o grão da ampulheta
[Ponte 4: Bivolt]
Eu tenho muito pra ganhar, sem ilusão
Caminhos abrem percorrendo essa minha nação
Nasci despida, eu tô no lucro, satisfação
Eu vim de lá, lado de lá, lá cê num chegou não
Eu tenho muito pra ganhar, sem ilusão
Caminhos abrem percorrendo essa minha nação
Nasci despida, eu tô no lucro, satisfação
Eu vim de lá, lado de lá, lá cê num chegou não
[Verso 6: Bivolt]
Tá tudo em paz, 'cês tão olhando pra mim
Passo num passe o tempo que for, esquecida não sou
A cada passo, tudo que faço, garanto que faço com amor
É de atabaque tambor, apenas flow o que sou
Peça rara, achada em desmanche, voz de diamante
Em meio à selva, pastor, tem de monte
Que levam ovelhas pro abate, consomem suas almas quilates
Roubadas que viraram iates, me acorda ou me bate
Só não me deixa xafurdar nessa lama
Hip-hop me chamou e hoje ele te chama
DJ que corre o risco, eu corro, pisco e já mudou de cena
Eu tô mudada, o mundo muda, e não muda os problemas
Eu cercada de hienas
Ostentando seus drinks roxos e suas mentes pequenas
Achando que o que eu ganho é pouco
Mas o sorriso do menor que abraçou o B.O
E mudou a trajetória ao enxergar o mundo melhor
Eternos são meus verso onde eu crio e expresso
É o grito do louco que com nada se abala
Fazendo o que ama e quem ama por perto
Que minha vó sinta orgulho na vida
Ver que a neta é foda, missão num tá falida
Esse é meu pagamento
Dinheiro é bom, eu quero sim, se essa é a pergunta
No hino 'cês conhecem quem fala alto, postura
Profissional na arte da gingada de cintura
É som de loko, de alquimista com o soro da cura
[Verso 7: Drik Barbosa]
Ágil, tô no front pique Kunta Kinte
Os falso vejo longe, essas linha é pra você
Quem vai nos impedir ainda tá pra nascer só que nem vai nascer
'Cês não vão se crescer, foda, meus versos são tão procurado
Que eu memo dou a recompensa, toma, mais um verso pesado
Pra calar a boca dos Zé Povos, intrujão tem vários
Vim pra baixar o ego inflado desses Johnny Bravo
Pre trá trá trá, como disse a Linn da Quebrada
Represento na cena a minha linda quebrada
De quebra, puro groove igual Gloria Groove
Sobrevivendo no inferno pra alcançar as nuvens
Rafael Braga, preso por ser preto
Tratado como se preto não tivesse alma
Eles nos matam todo dia, chacina nos gueto
Imagina então se o racismo não tivesse em pauta
2017, os nazi tão em festa
É tipo The Walking Dead, as mente já não presta
Se a gente não bate de frente, as cobra cria asa
Racista aqui não passa e cairão em massa
Hipocrisia é mato, homofobia mata, ignorância é fato
'Cês matam em nome de Jesus, bando de Bolsonaro
Enquanto jorra sangue nas metrópoles
Os ladrão mesmo tão em Paris, gastando nosso din' suado
Minhas rimas são tapa na cara, te acorda e confronta
Jogamo' bem na sua cara, tipo a Pabllo Vittar
Muito talento e conteúdo e 'cês não pode evitar
Jogamo' limpo e já ganhamo' e 'cês vão ter que aceitar
Tamo' no palco, nas rua, nas festa, no estúdio
Desenvolvendo trampo dedicado ao sonho em ação
Quero meu povo no topo, paz pro meu corpo
Quero sorriso no rosto e essas mina' ganhando o mundão
[Saída - Sample: Shirley Bassey]
Diamonds are forever, they are all I need to please me
Poetisas no Topo was written by Bivolt & Souto MC & Mariana Mello & NaBrisa & Azzy & Drik Barbosa & Karol de Souza.
Poetisas no Topo was produced by Boca dos Beats.
Pineapple StormTV released Poetisas no Topo on Sat Dec 30 2017.