Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
Mão Morta
O bófia empurrava-me e dizia para desandar
Eu não podia compreender porquê
Quis-lhe perguntar
O bófia sacou do casse-tête
E deu-me com ele uma, duas, três vezes nos costados
Senti um choque eléctrico percorrer-me o corpo
E uma humilhação que não podia ficar impune
Não percebia porque ele me batia
Quis-lhe perguntar
Mas o gajo continuou a dar-me cassetadas
E já os outros bófias se aproximavam de casse-tête na mão
Não ia ficar para ali, especado
Feito bombo da festa
Uma raiva surda trepava-me à cabeça
Ah, que raiva!
Quando dou conta
Mandava-lhe uma joelhada aos tomates
Senti-os a espalmar de encontro ao joelho
Já os outros bófias descarregavam
Sobre mim os seus casse-têtes virados ao contrário
Senti uma dor de vertigem quando um me acertou na cara
Percebi que a carne se rasgava
E um esguicho de sangue me inundava os olhos
Já me acertavam por todos os lados
Mas não interessava
Já nada interessava
Sede de sangue!
Sede de sangue!
Sede de sangue!
Sede de sangue!
Já nada interessava
A não ser aquele bófia agarrado aos tomates
Num último esforço disparo-lhe um pontapé à cara
Assim, de baixo para cima - pás!
Senti a biqueira da bota entrar-lhe pelas fuças dentro
Os ossos a quebrar
Os dentes a saltar numa baba de cuspe e sangue
Senti o olho a esborrachar-se sobre a biqueira da bota
Os outros bófias continuavam a descarregar
Sobre mim os seus casse-têtes virados ao contrário
Mas eu já nada via
Só sangue
Dores
Senti-me dobrar
Cair
Aaaaaaaaaahhh!...