[Intro]
Ye, Fella
[Verso 1]
Se queria saber do tempo? Até queria
Sem sintonia, perdi a vida na monotonia
Escondia a falta de alegria, fugia para sempre
Do ventre que me acolhia
Mas hoje em dia o trabalho vira rotina
Já não bebo, já só fumo
Perdi o rumo, acordo cedo, acendo o lume
No limiar da situação e componho uma canção
Pego fogo ao que resta do meu rastilho
Peco por tratar mal quem me quis como filho
No meu trilho tudo sabe a pouco
Sinto-me nos 40 a dar em louco
Preso ao sufoco, e à indecisão
Mudo e mouco sem motivação
Sem um tustão, sem mapa algemado à maca
Por tanta tentação, enrola a cena e mato
Mais um pulmão, recuso-me a viver desta maneira
Morte ou vida, não sei, fico na fronteira
Incluem seriedade no meio da brincadeira
Mas deitem-me à fogueira
Já sei que errei mas também amei
Sem vontade por vezes, eu sei
Perdi o tempo e ele perdeu-me
Fugi da rota, não acompanhei a frota
Dei uma volta em [?] volta
Enquanto me achava no meio da revolta
(enquanto me achava no meio da revolta)
[Verso 2]
Tive tudo e nada tenho mas acompanho Deus e o seu rebanho
Ele existe mas não sei o seu tamanho
Cresço na indiferença sem sentença
Pois acordar é uma doença sem crença
Não há quem vença sem pedir licença
E sem perguntas à nascença
Sei que estou preso ao passado
Mas é isso que me deixa motivado
Sem ordenado, sem futuro planeado
Ando obcecado pelo silêncio mas não sei viver calado
Fui um buraco opaco, sensato, sem espalhafato
Camisa e fato, porta em porta com um serviço barato
[Refrão]
Só me mato, só me mato, só me mato
Despeço-me sem interesse no começo duma nova vida
Tudo tive só que continuo emotivo
Apenas oxigénio me mantém vivo
Só me mato, só me mato, só me mato
Despeço-me sem interesse no começo duma nova vida
Tudo tive só que continuo emotivo
Apenas oxigénio me mantém vivo
Carta Aberto Ao Tempo was written by Fella (PRT).