Depois de um primeiro dia em que o hip-hop esteve em peso na Costa da Caparica, o segundo dia do festival trouxe-nos ainda uma presença mais reforçada. O hip-hop tuga está de boa saúde e recomenda-se, o Sol da Caparica teve isso em conta e decidiu “contratar” nomes tanto da nova escola como da velha. Uma coisa já se sabia: o público iria sempre corresponder, e bem.
Eram 18 horas quando se começaram a ouvir os primeiros beats no palco secundário que dava pelo nome de palco Blitz. O homem que víamos atrás da mesa de DJ era Fumaxa sendo que, claro está, a primeira atuação da tarde era de Bispo. “2725” era o que mais entoava neste início de concerto. O público era muito e bom, sendo que a dada altura da atuação Bispo agradeceu à sua audiência por “estarem aqui debaixo deste sol”.
Ao longo do concerto foram ouvidos maioritariamente temas do EP “Fora D’Horas”, sendo que um dos momentos altos foi a chamada ao palco de Gson para cantar o tema “Como Dá”. Para o final Bispo deixou o tema “Lembra-te”, o que levou os seus fãs à apoteose e deixou o rapper sem muito trabalho pois o público cantou o tema por ele. Espaço ainda para dizer que a mãe de Bispo assistiu orgulhosamente ao concerto do seu filho a partir do palco e o rapper fez questão de informar o seu público disso. Mais uma grande performance de um dos rappers em melhor forma na atualidade.
A tarde já tinha começado bem e iria continuar…
O público não arredou pé e Holly Hood foi o senhor que se seguiu. O rapper entrou em palco às 19 horas e com a pujança a que já nos habituou. Ao longo do concerto foi tocado quase na integra o EP “O Dread Que Matou o Golias”. Alguns dos momentos mais marcantes da atuação foram a chamada ao palco de No Money para cantar o tema “Cartas da Justiça” e a dedicatória por parte de Holly Hood do tema “Spotlight” à sua mãe que, pela primeira vez, estava a ver um concerto do filho ao vivo. Sim, a tarde na Costa da Caparica estava a ser dedicada à família. O rapper cantou ainda “Ignorante”, tema que irá fazer parte do seu novo EP a lançar e que foi das mais celebradas pelo público. Holly Hood deu um concerto coeso e cheio de vitalidade que só pecou por escasso (30 min. de duração).
Estávamos a caminho do terceiro e último concerto no que diz respeito ao hip-hop, no palco Blitz, e era difícil não terminar de melhor forma pois quem se seguia era o mítico coletivo de Gaia, Dealema. A tarde já puxava para a noite nesta altura e, talvez devido ao aproximar da hora de jantar, o público estava mais despido do que nos outros concertos. Apesar disso, Dj Guze solta o beat de “Mais Uma Sessão”, os Dealema apresentam-se (como se precisassem de apresentações) um a um como é habitual nesse tema e mais pessoas começam a juntar-se à festa.
O grupo percorreu a sua discografia ao longo do concerto e seguem-se temas como “Bom Dia”, “sala 101” ou “Escola dos 90”. Houve ainda espaço para tocar temas em nome individual: Mundo Segundo com “Sou do tempo”, Maze com “Brilhantes Diamantes” e Fuse que dedicou um dos seus temas ao seu filho que estava na plateia e via um concerto ao vivo do seu pai pela primeira vez (já falámos do quanto este dia foi dedicado à família?). O coletivo Dealemático despediu-se com “Nada Dura Para Sempre” com o público completamente rendido à experiência e qualidade do grupo.
Eram 23h15m e passámos do palco Blitz para o palco principal, o denominado palco SIC. Era o momento de Carlão subir a palco. Quando o fez foi com toda força e personalidade a que já estamos habituados. Foram ouvidos vários temas como “Colarinho Branco”, “Hardcore” ou “Viver Para Sempre”. A dada altura do concerto, o artista, residente em Almada, perguntou ao seu público: “Hoje sinto-me em casa, estou ou não em casa?” a resposta do público foi um claro e bastante audível “sim” tendo em conta a enorme quantidade de pessoas que estavam presentes para ver o concerto de Carlão.
Um dos momentos altos da atuação foi a chamada a palco de Manel Cruz, voz incontornável dos Ornatos Violeta, para cantar o tema “Casa”. Carlão despediu-se do seu público com uma versão remixada de um tema clássico dos Da Weasel, “Dialetos De Ternura”, que, claro está, meteu toda a gente a cantar com ele.
Em todos os concertos pudemos presenciar momentos curiosos de cariz familiar e neste também não poderia faltar… Apesar do momento não ser diretamente relacionado com a atuação de Carlão em si, decidimos partilhá-lo com vocês: encontrámos Fuse e a sua família a verem o concerto de Carlão, mais uma prova de que hip-hop não escolhe idades.
Sol da Caparica, vemo-nos para o ano!
Entrevista conduzida por Cigas
O HIP-HOP DEU À COSTA – 2ºDIA DE FESTIVAL was written by Daniel Pereira.