[Estrofe 1]
Dos que morreram sem saber porquê
Dos que teimaram em silêncio e frio
Da força nascida do medo e a raiva à solta manhã cedo
Fazem-se as margens do meu rio
[Estrofe 2]
Das cicatrizes do meu chão antigo
E da memória do meu sangue em fogo
Da escuridão a abrir em cor, do braço dado e a arma flor
Fazem-se as margens do meu povo
[Refrão 1]
Canta-se a gente que a si mesma se descobre
E acorda vozes, arraiais
Canta-se a terra que a si mesma se devolve
Que o canto assim nunca é demais
[Estrofe 3]
Em cada veia o sangue espera a vez
Em cada fala se persegue o dia
E assim se aprendem as marés, assim se cresce e ganha pé
Rompe a canção que não havia
[Refrão 2]
Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega
Acordem vozes, arraiais
Cantem despertos na manhã que a noite entrega
Que o canto assim nunca é demais
[Refrão 3]
Cantem marés por essas praias de sargaços
Acordem vozes, arraiais
Corram descalços rente ao cais, abram abraços
Que o canto assim nunca é demais
O canto assim nunca é demais
Madrugada was written by José Luís Tinoco.