Antônio Francisco Amábile (Porto Alegre, 1906 – Porto Alegre, 1953), mais conhecido por Piratini, foi um instrumentista, flautista, compositor, radialista, ator e jornalista brasileiro. Filho de italianos, o pai era barítono de óperas. Ainda criança aprendeu a tocar flauta com o professor Rocco. Aos dezesseis anos fundou em Porto Alegre o bloco carnavalesco “Passa fome e ainda gordo”. É tido por muitos como o maior radialista de Porto Alegre. Fundou a Casa do Artista Rio-grandense, empreendimento no qual contou com a ajuda do cômico mexicano Cantinflas.
Foi grande seresteiro em Porto Alegre e de seu grupo fizeram parte nomes como os irmãos Gonçalves, Caco Velho e Luiz Amábile, clarinetista e que era seu irmão. No início da radiofonia brasileira na década de 1920, criou um grupo cênico para atuar na Rádio Gaúcha. Desse grupo saíram os comediante e irmãos Walter D'Ávila e Ema D'Ávila. Ainda na Rádio Gaúcha atuou como contador de piadas, antes de se transferir para a Rádio Difusora onde montou um grupo regional composto por ele na flauta; Japonês, no violão; Carne Assada, no cavaquinho, e Caco Velho, no pandeiro. Em 1938, foi contratado com seu regional pela Rádio Belgrano de Buenos Aires e lá se apresentou como Conjunto Regional Brasileiro. Em sua apresentação na Rádio Belgrano foram interpretadas a embolada “Pequeno Tururu”, de Augusto Calheiros; os sambas “Onde está meu amor” e “Cansado de sofrer”, e as marchas “Isaac, Jacob e Salomão”, “Ama seca” e “Dona Lôla é…”, estas últimas, de autores desconhecidos. A viagem durou cinco meses e, em junho de 1939, apresentou-se com seu regional na Rádio Carve, de Montevidéu. Além de radialista e flautista foi também compositor e deixou, entre outras, as composições “Mãe preta”, “Navio negreiro”, com Dinarte Armando, “Amargo” e “Carreteiro”. Já na década de 1940, transferiu-se para a Rádio Farroupilha onde passou a apresentar o famoso programa de calouros “A Hora do Bicho”, considerado o melhor programa musical da cidade, e que ficou no ar até a sua morte. Em 1940, realizou o primeiro filme sonoro do Rio Grande do Sul através da Leopoldis Som e que teve o título de “Cachorricídio”, no qual atuou no papel principal além de ter feito o script e ter sido o responsável pela parte musical. Em 1942, o samba “Carreteiro”, com Caco Velho, foi gravado pelo Trio de Ouro na Odeon. Em 1943, o Conjunto Tocantins lançou pela gravadora Continental a toada “Mãe preta”, com Caco Velho. Em 1945, as Irmãs Medina gravaram na Continental o maracatu “Navio negreiro”, com Edmundo V. Queiroz. Em 1953, sua composição “Carreteiro” foi gravada em forma de toada pela cantora Carmélia Alves em disco da Continental. Em 1954, a toada “Mãe preta”, com Caco Velho, foi gravada na Odeon pela cantora Maria da Conceição, e na RCA Victor pela cantora Ester de Abreu. Em 1955, o cantor Edson Lopes gravou na Odeon a toada “Mãe preta”. Segundo o músico e escritor Hardy Verdana, “Piratini tinha um sopro limpo em sua flauta e quando executava serestas, valsas, etc., o fazia com muita elegância no fraseado. Eu diria uma elegância quase triste, em contraste com os sambas, marchas e emboladas, que eram executados em frases rápidas e alegres que quase sempre terminavam em um trinado, talvez para demonstrar sua inquietação interna”. Quando de seu precoce falecimento a Rádio Farroupilha passou o dia transmitindo músicas fúnebres em sua homenagem. Em 2015, seu samba-canção “Cevando o amargo”, com Lupicínio Rodrigues, foi regravado pela cantora gaúcha Adriana Calcanhotto no CD/DVD “Loucura”, lançado pela Sony Music, no qual ela homenageou o compositor Lupicínio Rodrigues.
Fonte:
Piratini
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Dicionário Cravo Albin
Instrumentista. Flautista, Compositor. Radialista. Ator. Jornalista. Filho de italianos, o pai era barítono de óperas. Ainda criança aprendeu a tocar flauta com o professor Rocco. Aos dezesseis anos fundou em Porto Alegre o bloco carnavalesco "Passa fome e ainda gordo". &Eacu...